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São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

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CHUVAS

Quatro vítimas eram da mesma família; morador havia alertado sobre risco de acidente em carta a vereador

Seis morrem após deslizamento de pedras em Niterói

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Seis pessoas morreram, entre elas três crianças, após o deslizamento de três pedras no morro do Pires, no bairro da Engenhoca, em Niterói (município a 15 km do Rio), na madrugada de ontem.
O deslizamento das pedras, que juntas pesam cerca de 150 toneladas, segundo a Defesa Civil da cidade, foi provocado pela chuva que começou a atingir Niterói na noite de anteontem. As pedras deslizaram cerca de 25 metros até atingir três casas da travessa F da rua Capitão Alfredo Cruz.
Hamilton Zâmbia dos Santos, 38, a mulher dele, Marlete Couto dos Santos, 35, e os filhos Kevin, 9, e Fabrício, 12, estavam em uma das casas e morreram.
Também morreram Vitória Brenda Moura da Silva, 4, e o bisavô dela, Alcenir Vicente de Souza, 67. Os pais da menina, Roseli Ananias da Lima, 25, e Rogério Moura da Silva, 24, conseguiram escapar. Dono da terceira casa, apenas parcialmente atingida, o motorista Hélio Grimaldo, 56, acompanhou as buscas dos corpos dos vizinhos.
"Eu e minha mulher não conseguimos dormir porque chovia muito e ficamos preocupados. Ouvi um barulho grande e vi que a parede do banheiro caiu e parte da varanda foi destruída. Foi tudo em menos de cinco segundos. Fui à janela, vi que a casa do meu vizinho tinha sido derrubada e ouvi os gritos das pessoas pedindo socorro", disse Grimaldo.
O último corpo, do menino Kevin dos Santos, foi retirado dos escombros no final da tarde de ontem. A Defesa Civil informou que seriam feitas inspeções nas demais casas do morro para ajudar na avaliação sobre a necessidade ou não de remover as famílias.

Mortes anunciadas
O presidente da Câmara de Vereadores de Niterói, José Vicente (PPS), afirmou que, em 11 de fevereiro, enviou um ofício à Secretaria Municipal de Serviços Públicos pedindo o escoramento das pedras que deslizaram.
O ofício foi encaminhado depois que José Vicente recebeu uma carta do morador Adenir César da Conceição, 54. "Há 30 anos venho reclamando do perigo dessas pedras deslizarem", disse Conceição, que nasceu no morro.
Segundo o vereador, não houve respostas da prefeitura. O secretário de Serviços Públicos, Sérgio Marcolini, disse que não se recordava do recebimento do ofício, mas afirmou que iria procurá-lo.
O coordenador da Defesa Civil afirmou que nunca lhe foram solicitadas vistorias no morro, desde que assumiu o cargo, em 1997.


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