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CHUVAS
Quatro vítimas eram da mesma família; morador
havia alertado sobre risco de acidente em carta a vereador
Seis morrem após deslizamento de pedras em Niterói
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Seis pessoas morreram, entre
elas três crianças, após o deslizamento de três pedras no morro do
Pires, no bairro da Engenhoca,
em Niterói (município a 15 km do
Rio), na madrugada de ontem.
O deslizamento das pedras, que
juntas pesam cerca de 150 toneladas, segundo a Defesa Civil da cidade, foi provocado pela chuva
que começou a atingir Niterói na
noite de anteontem. As pedras
deslizaram cerca de 25 metros até
atingir três casas da travessa F da
rua Capitão Alfredo Cruz.
Hamilton Zâmbia dos Santos,
38, a mulher dele, Marlete Couto
dos Santos, 35, e os filhos Kevin, 9,
e Fabrício, 12, estavam em uma
das casas e morreram.
Também morreram Vitória
Brenda Moura da Silva, 4, e o bisavô dela, Alcenir Vicente de Souza,
67. Os pais da menina, Roseli
Ananias da Lima, 25, e Rogério
Moura da Silva, 24, conseguiram
escapar. Dono da terceira casa,
apenas parcialmente atingida, o
motorista Hélio Grimaldo, 56,
acompanhou as buscas dos corpos dos vizinhos.
"Eu e minha mulher não conseguimos dormir porque chovia
muito e ficamos preocupados.
Ouvi um barulho grande e vi que
a parede do banheiro caiu e parte
da varanda foi destruída. Foi tudo
em menos de cinco segundos. Fui
à janela, vi que a casa do meu vizinho tinha sido derrubada e ouvi
os gritos das pessoas pedindo socorro", disse Grimaldo.
O último corpo, do menino Kevin dos Santos, foi retirado dos escombros no final da tarde de ontem. A Defesa Civil informou que
seriam feitas inspeções nas demais casas do morro para ajudar
na avaliação sobre a necessidade
ou não de remover as famílias.
Mortes anunciadas
O presidente da Câmara de Vereadores de Niterói, José Vicente
(PPS), afirmou que, em 11 de fevereiro, enviou um ofício à Secretaria Municipal de Serviços Públicos pedindo o escoramento das
pedras que deslizaram.
O ofício foi encaminhado depois que José Vicente recebeu
uma carta do morador Adenir
César da Conceição, 54. "Há 30
anos venho reclamando do perigo
dessas pedras deslizarem", disse
Conceição, que nasceu no morro.
Segundo o vereador, não houve
respostas da prefeitura. O secretário de Serviços Públicos, Sérgio
Marcolini, disse que não se recordava do recebimento do ofício,
mas afirmou que iria procurá-lo.
O coordenador da Defesa Civil
afirmou que nunca lhe foram solicitadas vistorias no morro, desde
que assumiu o cargo, em 1997.
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