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Consórcio ataca laudo sobre cratera e atribui culpa ao IPT
Empresas dizem que estudo geológico feito pelo instituto está ligado a acidente
Em nota, empreiteiras afirmam que vão apresentar laudo próprio e esclarecer
todos os pontos apontados pelo relatório do instituto
ROGÉRIO PAGNAN
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Consórcio Via Amarela,
responsável pelas obras da linha 4 do metrô paulista, atacou
ontem a investigação do IPT
sobre as causas da cratera na
estação Pinheiros e afirmou
que a principal hipótese para a
tragédia está ligada ao trabalho
geológico feito pelo próprio
instituto na região nos anos 90.
Em nota à imprensa, as construtoras acusaram a recente investigação do IPT (que é vinculado ao governo do Estado) de
buscar se proteger de eventuais
falhas cometidas na ocasião.
"Fica claro que o IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas] procurou defender o trabalho de pesquisa geológica por
ele realizado", afirma trecho da
nota. "Está exatamente nesta
área a maior probabilidade de
ser encontrada a causa principal do acidente", completa.
O estudo geológico em Pinheiros feito pelo IPT na década passada, após ser contratado
pelo Metrô, foi usado na elaboração do projeto da linha 4.
O instituto concluiu na última sexta seu laudo (de
R$ 6,55 milhões, pagos pelo
Metrô) sobre as causas da cratera, que matou sete pessoas
em janeiro de 2007, e culpa
principalmente erros no trabalho das construtoras -embora
tenha considerado deficiente a
fiscalização da estatal.
O resumo do documento diz
que, dos 11 principais fatores
que levaram ao acidente, dez
são ligados diretamente à atividade do consórcio -formado
por Odebrecht, OAS, Queiroz
Galvão, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom.
O consórcio informou que
vai apresentar um relatório
próprio sobre as causas do acidente em julho, com "esclarecimentos técnicos sobre todos os
itens apontados pelo IPT".
Alegou, porém, que havia
plano de emergência na obra e
rechaçou "veementemente" as
afirmações do relatório do IPT
sobre a utilização de material
de baixa qualidade e de aceleração do cronograma da obra.
A nota divulgada ontem pelo
Via Amarela foi sua primeira
manifestação oficial com críticas ao laudo do instituto.
A assessoria de imprensa do
IPT afirmou que só deverá se
manifestar hoje sobre as contestações porque a nota do consórcio foi divulgada após as 18h.
O instituto voltou a informar,
porém, que sua escolha para investigar a cratera se deu por determinação do Ministério Público Estadual, após a assinatura de TACs (termos de ajustamento de conduta). Mas nos
dias seguintes à tragédia e antes desses termos a gestão José
Serra (PSDB) já havia anunciado a contratação do IPT.
O instituto afirmou ontem
que "é uma instituição séria e
independente" e que seus técnicos "têm competência reconhecida" e nunca se sujeitariam "a possíveis interesses comerciais ou políticos".
O secretário dos Transportes
Metropolitanos da gestão Serra, José Luiz Portella, e a direção do Metrô voltaram a ser
procurados ontem, mas se negaram a dar entrevista e não
responderam aos questionamentos enviados por escrito.
O Metrô só informou, em nota, que ainda analisa os relatórios do IPT e que uma sindicância interna terá 45 dias para
apontar suas conclusões.
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