São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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ENÉAS FREIRE (1921-2008)

Ele abria a folia com o canto do Galo

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Há 30 anos, o Carnaval de Pernambuco não começa sem ele. Era sempre assim: Enéas Freire ordenava, os clarins tocavam e o Galo da Madrugada saía com seu frevo para abrir a folia em Recife, nos sábados de Zé Pereira.
Fundador e presidente do maior bloco carnavalesco do mundo, segundo o "Guinness Book", o livro dos recordes, Enéas era obcecado em manter a tradição do Carnaval de rua. Desde criança, apreciava a passagem dos blocos em Recife, onde nasceu. Encantava-se com as cores das alegorias, brincava com os amigos, mas só em 1934 fundou sua primeira agremiação, o Papagaio Louro, que durou dois Carnavais.
Dez anos depois, casou-se com Maria do Carmo Travassos, foliã como ele, fundadora e presidente emérita do Bloco das Ilusões, uma das mais respeitadas agremiações líricas de Pernambuco. Com ela, teve quatro filhos.
Em 24 de janeiro de 1978, com um grupo de amigos, fundou o Clube de Máscaras Galo da Madrugada. O primeiro desfile reuniu só 75 pessoas. Mas o bloco caiu no gosto popular e, em 1995, foi considerado o maior do mundo, com 1,5 milhão.
Na terça-feira passada, Enéas foi hospitalizado para uma cirurgia de substituição de prótese no joelho direito. Na madrugada de ontem, ainda no hospital, sofreu uma parada cardíaca e morreu. No velório, o compositor e cantor de frevo Claudinor Germano disse que a morte de Enéas não calará o bloco: "Vamos fazer o Galo cantar ainda mais alto".


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