São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2011

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Cúmplice da morte de aluno da USP confessa e é solto

Irlan Graciano Santiago, que se apresentou ontem, disse que comparsa atirou porque estudante reagiu

Dupla mantinha deficiente refém em carro roubado quando abordou estudante no estacionamento da FEA


ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

O comerciante Irlan Graciano Santiago, 22, se apresentou ontem à Polícia Civil, e confessou ter participado do latrocínio (roubo seguido de morte) contra o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, dia 18 de maio.
Após prestar depoimento ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Santiago foi liberado porque, conforme a lei, se apresentou espontaneamente, confessou o crime, não tem antecedentes criminais e tem residência fixa.
Segundo o delegado Maurício Guimarães Soares, a prisão preventiva (até um provável julgamento) de Santiago será pedida à Justiça assim que o inquérito acabar.
"Infelizmente, a lei prevê que ele não fique preso por ter se apresentado à polícia. Ele sabia que estávamos no seu encalço e a prisão seria questão de tempo, por isso ele se apresentou com seu advogado", disse Soares.
Santiago é pai de um menino de um ano e afirmou que trabalha na quitanda de sua família, na favela São Remo, que fica ao lado da Cidade Universitária (zona oeste de São Paulo).
Paiva estudava ciências atuariais e foi morto com um tiro na cabeça dentro do estacionamento da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), na Cidade Universitária.
Santiago se negou a dizer o nome do criminoso que o acompanhava durante o ataque contra Paiva. Segundo ele, foi esse foragido, já identificado pela polícia, quem atirou contra Paiva.
Santiago confessou que na noite de 18 de maio, ele e o outro criminoso fumavam maconha na favela São Remo quando decidiram ir à Cidade Universitária para roubar um carro. "Eles escolheram a USP porque lá tem pouca segurança e é escuro", disse Jeferson Badan, advogado de Santiago.
Ao chegar à USP, a dupla atacou uma motorista num EcoSport prata. Ao perceber que ela tinha deficiência física, os criminosos decidiram não levar seu veículo e a obrigaram a dirigir por cerca de uma hora até que eles encontrassem uma nova vítima.
Eles viram Paiva entrando em seu Passat blindado. A motorista ficou no carro com Santiago enquanto o outro ladrão atacava o estudante. Ao perceber o roubo, Paiva reagiu e deu socos no rosto do criminoso, que atirou.
"Ele morreu porque foi para cima do meu parceiro e deu dois socos na cara dele. Ele ia tomar a arma e matar nós dois", disse Santiago.
Santiago afirmou que a decisão de roubar um carro dentro da USP aconteceu "porque seu filho passava necessidades."
O ladrão voltou para a EcoSport e a motorista teve de levá-los para fora da USP. A motorista ainda não foi localizada pelo DHPP para contar como foi o crime.


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