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CÂMARA
Partido pede a suspeição de desembargador que mudou interpretação e garantiu o fim dos trabalhos da comissão
CPI acaba e PT, de novo, recorre à Justiça
OTÁVIO CABRAL
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
Após 90 dias, a
CPI da máfia da
propina acabou
oficialmente ontem. Mas, para
evitar o fim, o
PT entrou na
Justiça com um
pedido de suspeição do desembargador Amador da Cunha Bueno
Netto, vice-presidente do Tribunal
de Justiça. Ele "enterrou" a CPI ao
mudar uma decisão judicial.
Na semana passada, Cunha Bueno concedeu uma liminar ao PT
cancelando uma votação que prorrogava a CPI por apenas três dias.
O desembargador dizia que a CPI
continuaria até haver uma nova
votação sobre a prorrogação dos
trabalhos e ainda o julgamento do
mérito da liminar. Tal julgamento
levaria pelo menos dois meses, durante os quais a CPI prosseguiria.
Anteontem, Cunha Bueno mudou de idéia e disse que só a Câmara poderia decidir sobre a prorrogação. Afirmou ainda que, se consultado sobre o tema, daria um novo parecer com essa interpretação.
E foi o que aconteceu. A vereadora Maeli Vergniano (sem partido),
uma das investigadas pela CPI, entrou ontem com um pedido de embargo declaratório no TJ.
Cunha Bueno deu outro despacho, que se sobrepõe à liminar, garantindo o fim da CPI se sua prorrogação não fosse votada em plenário até ontem. Amparada pela
decisão judicial, a base governista
esvaziou a sessão ontem, impedindo a votação e sepultando a CPI.
Para a bancada petista, Cunha
Bueno cometeu duas irregularidades: antecipou uma decisão judicial e orientou uma das partes interessadas na ação. Segundo advogados do PT, a manifestação do desembargador incentivou Maeli a
entrar com o embargo declaratório que derrubou a liminar.
"O desembargador infringiu
duas normas da magistratura, por
isso a bancada do PT decidiu entrar na Justiça para pedir sua suspeição", afirmou Aldaíza Sposati,
líder do PT na Câmara.
"Se o nosso recurso não for acatado, a CPI acabou", declarou o
presidente da comissão, José
Eduardo Cardozo (PT). Mas para
os próprios petistas, o recurso tem
pouca chance de ser acatado.
O recurso foi entregue ao TJ e já
foi examinado por seu presidente,
Dirceu de Mello, que decidiu pedir
explicações a Cunha Bueno.
Se ele aceitar a suspeita, outro
desembargador é nomeado. Se
não, o órgão especial do TJ abre
um processo para avaliar a atuação
de Cunha Bueno.
O recurso do PT quer anular apenas a decisão de ontem de Cunha
Bueno, não a primeira liminar que
dava sobrevida à comissão.
Durante todo esse trâmite, a CPI
permanece encerrada, não podendo convocar novas sessões.
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