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VIOLÊNCIA
Dono de supermercado no norte de São Paulo, que atacou um sequestrador armado, foi socorrido na rodovia Tamoios
Empresário é baleado, mas foge de cativeiro
RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS
TATIANA ANDRADE
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
Mesmo baleado, o empresário
A.P., 45, dono de um supermercado e sócio de outras duas unidades em Bragança Paulista (83 km
de SP), conseguiu fugir da quadrilha que o mantinha refém anteontem, após mais de 42 horas de sequestro, e foi socorrido por um
comerciante na rodovia dos Tamoios, em Paraibuna (124 km).
O empresário, que estava ferido
após ter sido atingido por um tiro
que entrou pela região lombar e
saiu pelo abdômen, conseguiu sobreviver. Ele foi socorrido no
Pronto-Socorro de Paraibuna,
submetido a uma cirurgia no
Hospital Municipal de São José
dos Campos (91 km) e transferido, na manhã de ontem, para o
HUSF (Hospital Universitário
São Francisco), em Bragança.
Segundo a família de A., os sequestradores não chegaram a fazer contato. O caso está sendo investigado pelas polícias de Bragança Paulista e de São José, mas
ainda não há pistas sobre o grupo.
A. foi rendido em Bragança
quando voltava para casa sozinho, por volta da 0h do domingo,
em seu carro -um Gol. Segundo
a Polícia Civil, o empresário foi fechado por um veículo e abordado
por três homens. A polícia acredita que pelo menos dois carros tenham participado da ação.
A.P. foi obrigado a levar a quadrilha a um dos supermercados,
que já estava fechado. "Com certeza, a quadrilha tinha informações sobre a rotina do empresário", disse o delegado titular da
DIG (Delegacia de Investigações
Gerais) de Bragança Paulista, Fernão Dias da Silva Leme.
Segundo a família, mais de R$
100 mil foram roubados do supermercado. A Folha apurou que o
valor pode chegar a R$ 300 mil.
Após a ação, o empresário teve
de dirigir o próprio veículo até a
rodovia D. Pedro 1º. No meio do
caminho, ele foi transferido para
o porta-malas do carro dos sequestradores, um Vectra prata.
O empresário foi levado a um
cativeiro, em local ainda não
identificado, possivelmente, segundo a polícia, em algum ponto
do Vale do Paraíba.
"Creio que a idéia do grupo era
apenas fazer o roubo do supermercado. Talvez o pedido de resgate poderia vir em uma segunda etapa", afirmou o delegado.
Levado para um matagal por
dois sequestradores, o empresário, segundo a polícia, chegou a
perguntar se poderia ir embora.
"Um dos sequestradores respondeu afirmativamente, mas
sorriu para o empresário, tirando
a arma que estava em seu casaco.
Nesse momento, ele [o empresário] temeu ser morto e, então,
partiu para uma luta corporal."
Segundo Leme, vários tiros foram disparados por um dos sequestradores. Um deles acertou o empresário, que ainda conseguiu
fugir e se esconder no matagal,
próximo à rodovia dos Tamoios.
Sangrando muito, A. chegou a
pedir ajuda aos motoristas. Sem
sucesso, caminhou cerca de 300
metros, até ser socorrido por José
Aparecido dos Santos, 37, dono
de um restaurante às margens da
rodovia, às 18h de anteontem.
"Ele [o empresário] estava próximo do portão da casa de meu
amigo. Sangrava muito e quase
não conseguia falar", afirmou.
Segundo Santos, o empresário
não chegou a se identificar. "Na hora, eu nem pensei em nada, apenas o coloquei no carro."
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