São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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VIOLÊNCIA

Dono de supermercado no norte de São Paulo, que atacou um sequestrador armado, foi socorrido na rodovia Tamoios

Empresário é baleado, mas foge de cativeiro

RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

TATIANA ANDRADE
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

Mesmo baleado, o empresário A.P., 45, dono de um supermercado e sócio de outras duas unidades em Bragança Paulista (83 km de SP), conseguiu fugir da quadrilha que o mantinha refém anteontem, após mais de 42 horas de sequestro, e foi socorrido por um comerciante na rodovia dos Tamoios, em Paraibuna (124 km).
O empresário, que estava ferido após ter sido atingido por um tiro que entrou pela região lombar e saiu pelo abdômen, conseguiu sobreviver. Ele foi socorrido no Pronto-Socorro de Paraibuna, submetido a uma cirurgia no Hospital Municipal de São José dos Campos (91 km) e transferido, na manhã de ontem, para o HUSF (Hospital Universitário São Francisco), em Bragança.
Segundo a família de A., os sequestradores não chegaram a fazer contato. O caso está sendo investigado pelas polícias de Bragança Paulista e de São José, mas ainda não há pistas sobre o grupo.
A. foi rendido em Bragança quando voltava para casa sozinho, por volta da 0h do domingo, em seu carro -um Gol. Segundo a Polícia Civil, o empresário foi fechado por um veículo e abordado por três homens. A polícia acredita que pelo menos dois carros tenham participado da ação.
A.P. foi obrigado a levar a quadrilha a um dos supermercados, que já estava fechado. "Com certeza, a quadrilha tinha informações sobre a rotina do empresário", disse o delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Bragança Paulista, Fernão Dias da Silva Leme.
Segundo a família, mais de R$ 100 mil foram roubados do supermercado. A Folha apurou que o valor pode chegar a R$ 300 mil.
Após a ação, o empresário teve de dirigir o próprio veículo até a rodovia D. Pedro 1º. No meio do caminho, ele foi transferido para o porta-malas do carro dos sequestradores, um Vectra prata.
O empresário foi levado a um cativeiro, em local ainda não identificado, possivelmente, segundo a polícia, em algum ponto do Vale do Paraíba.
"Creio que a idéia do grupo era apenas fazer o roubo do supermercado. Talvez o pedido de resgate poderia vir em uma segunda etapa", afirmou o delegado.
Levado para um matagal por dois sequestradores, o empresário, segundo a polícia, chegou a perguntar se poderia ir embora.
"Um dos sequestradores respondeu afirmativamente, mas sorriu para o empresário, tirando a arma que estava em seu casaco. Nesse momento, ele [o empresário] temeu ser morto e, então, partiu para uma luta corporal."
Segundo Leme, vários tiros foram disparados por um dos sequestradores. Um deles acertou o empresário, que ainda conseguiu fugir e se esconder no matagal, próximo à rodovia dos Tamoios.
Sangrando muito, A. chegou a pedir ajuda aos motoristas. Sem sucesso, caminhou cerca de 300 metros, até ser socorrido por José Aparecido dos Santos, 37, dono de um restaurante às margens da rodovia, às 18h de anteontem.
"Ele [o empresário] estava próximo do portão da casa de meu amigo. Sangrava muito e quase não conseguia falar", afirmou.
Segundo Santos, o empresário não chegou a se identificar. "Na hora, eu nem pensei em nada, apenas o coloquei no carro."



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