São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Ataques matam dois policiais em SP

Sargento levou 19 tiros em frente à drogaria em Ermelino Matarazzo; em outra ação, PM foi morto em bar em Heliópolis

Bases da PM na zona leste tiveram a segurança reforçada; secretaria investiga se casos têm relação com a facção PCC

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Policiais militares foram alvo de ao menos quatro ataques em São Paulo entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem, agravando os temores de atentados contra a corporação.
A polícia ainda investiga se os crimes estão ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital), facção que, em maio, deu início à maior onda de ataques às forças de segurança no Estado e, desde 28 de junho, teria sido responsável pela morte de cinco agentes penitenciários.
Nos novos crimes, um PM e um sargento da reserva foram assassinados. Outros dois policiais militares foram alvo de ataques, mas não se feriram.
Uma das mortes ocorreu em Heliópolis, na zona sul. O PM José Tibiriçá da Silva, 34, foi morto a tiros por volta das 23h de anteontem, num bar em frente de casa, logo depois de chegar do trabalho.
Um tio dele disse que dois homens entraram e foram em direção do PM. Sem dizer nada, eles dispararam, segundo ele, 16 tiros -informação não confirmada pela polícia. O PM morava no bairro havia 20 anos. A família afirmou suspeitar de um atentado do PCC sob a alegação de que ele não havia reclamado de ameaças.
Em outro crime, um sargento da reserva da PM foi assassinado com 19 tiros na saída de uma drogaria, na estrada de Mogi das Cruzes, 2.700, em Ermelino Matarazzo, na zona leste. Ele trabalhava como segurança para os comerciantes do bairro.
Segundo testemunhas, Roberto Alves da Silva, 47, tinha acabado de entrar na drogaria, onde também fazia vigilância. Quando saía, foi baleado por homens que fugiram de moto.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, minimizou a ligação da morte com ações do PCC. "É uma questão envolvendo discussão pessoal. Foi um policial, mas poderia ter sido um médico, eu, qualquer um, mas estou dizendo que é uma fatalidade." Parentes e amigos, porém, dizem que a vítima não tinha inimigos ou sofrido ameaças.
O sargento estava com um revólver. Segundo amigos, nove meses atrás ele trocou tiros com dois assaltantes, mas nunca sofreu ameaça. Era casado e pai de uma jovem de 25 anos que sonha em ser delegada.
Na zona sul, uma bomba caseira foi lançada anteontem à noite no quintal da casa de um PM, mas não deixou feridos. A polícia diz que ele não estava no local no momento do ataque.
O segundo ataque contra um PM foi na rodovia Ayrton Senna, em Guarulhos. Por volta das 5h35, Valdo Leôncio de Lima, 30, estava dentro do carro, a caminho do trabalho. Dois homens em uma moto se aproximaram e dispararam tiros na frente e na traseira do veículo.
O PM não se feriu. Ele não conseguiu identificar os criminosos. Relatou ainda que não havia sofrido ameaças.
Com receio de ataques, bases da PM na zona leste foram cercadas por fitas e cones. As bases da PM em Ermelino Matarazzo, São Miguel e Tatuapé tiveram as ruas no entorno interditadas. Segundo policiais ouvidos pela reportagem, a orientação para reforçar a segurança partiu do comando da corporação na madrugada de ontem.
Questionada sobre a morte de policiais em São Paulo, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública chegou a omitir durante toda a tarde de ontem a existência de parte dos novos casos, embora tivesse conhecimento deles.
À noite, a pasta acrescentou que dois policiais civis morreram no interior, mas por latrocínio (roubo seguido de morte).
O governador Cláudio Lembo (PFL), mesmo com as mortes mais recentes, procurou minimizar ontem os novos crimes sob a alegação de que os momentos piores já passaram.
Lembo admitiu que "a qualquer momento pode haver novos ataques", mas disse que São Paulo está preparado. Hoje divulgará medidas para a segurança de agentes.


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