DA REPORTAGEM LOCAL DA AGÊNCIA FOLHA

Aos ouvidos dos amigos, a história soou absurda. Em 27 de fevereiro de 2005, após ser barrado na porta de um supermercado que acabara de fechar, o juiz de Sobral (CE) Pedro Pecy Barbosa de Araújo voltou ao carro, pegou um revólver e matou o vigia com um tiro na nuca.
Alegou, depois, que o disparo foi acidental. O crime, porém, foi registrado pelas câmeras de segurança.
Os amigos, acostumados com a inteligência e a alegria do colega, até hoje buscam explicações para a reação do juiz. Pecy Barbosa, conta um amigo, nunca tirava férias. Juiz por 14 anos no Ceará, era incansável na profissão.
Em 2003, veio o reconhecimento: após ter passado pelas comarcas de Madalena e de Jaguaribe, no interior do Ceará, recebeu o título de cidadão sobralense, quando ocupava o cargo de juiz da 2ª Vara de Sobral. Antes de ser juiz, foi promotor e assessor de imprensa da Assembléia Legislativa do Ceará.
Natural de Maranguape, a 30 km da capital cearense, Pecy Barbosa estava preso em uma cela especial do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza. Condenado em 2005, cumpria 15 anos de prisão por homicídio doloso.
No final do mês passado, foi beneficiado com a regressão da pena para semi-liberdade, mas não chegou a usufruir. Morreu anteontem, em Fortaleza, aos 60, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Deixa quatro filhos.
(ESTÊVÃO BERTONI e RENATA BAPTISTA)

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