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INFÂNCIA
Mães que abortariam ou doariam filho hoje aguardam parto; entre os motivos, citam falta de amor e medo
Pobreza não é única causa de abandono
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Os seis últimos casos de abandono de recém-nascidos registrados
na Grande São Paulo na última semana deixam uma pergunta no ar:
o que pode levar uma mãe a chegar
ao ponto de desistir de um filho e
deixá-lo na rua?
Hoje, na Febem -Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor-,
o número de crianças abandonadas e, portanto, passíveis de adoção, dobrou em relação a 96.
No ano passado, as abandonadas
representavam 15% das crianças
recolhidas pela instituição. Hoje,
são 30%.
A reportagem da Folha conversou com jovens que estiveram
muito próximas de abandonar ou
abortar os bebês que esperam.
As mulheres entrevistadas citam
o medo, a falta de amor, de estrutura familiar ou simplesmente o
desespero como as causas que
quase as levaram a abortar ou
abandonar um filho.
A alagoana Maria José dos Santos Silva, 20, a baiana Joelma Aparecida Nogueira Moura, 22, e a carioca Luciana, 20 (que pediu para
não ser identificada), pediram auxílio ao serviço social da entidade
Amparo Maternal, na Vila Clementino (zona sudoeste de SP).
As três procuraram a entidade
com a intenção de entregar os bebês, após o nascimento, aos cuidados de alguém. Hoje, aguardam o
nascimento das crianças.
Outras mães não têm a mesma
sorte. A desempregada Elisângela
da Cunha Santana, 21, abortou recentemente aquele que seria o seu
quarto filho em cinco anos.
Ela mora com a mãe, os filhos e
cinco irmãos em um cômodo de
um casarão invadido, em Campos
Elíseos (centro de SP). Desesperada, ela pensa em entregar as crianças para uma entidade do Estado.
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