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Segundo secretário, 67% dos recursos federais para moradia vão para quem ganha acima de cinco salários mínimos
Mais pobres têm menos financiamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um consenso sobre as razões de as políticas de habitação
não funcionarem: falta subsídio
para os mais pobres. Maria das
Graças Xavier, 37, coordenadora
da União dos Movimentos de
Moradia, diz que o maior equívoco está na política de financiamento para a reocupação dos prédios vazios. A Caixa Econômica
Federal só atende os que ganham
acima de quatro salários mínimos. "Está errado. Os mais necessitados não conseguem financiamento", afirma.
Jorge Hereda, 46, secretário nacional de Habitação, concorda.
Fundos federais que financiam a
habitação, com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e o Fundo de Amparo ao Trabalho, têm R$ 5,3 bilhões. O problema é que a maior parte desses
recursos fica com a classe média.
Segundo ele, 67% dos fundos vão
para os que ganham cinco ou
mais salários mínimos.
"Isso é perverso e histórico. Temos de fazer esse dinheiro chegar
à população de baixa renda."
A única saída é aumentar o subsídio para os mais pobres -e nisso há uma concordância entre o
secretário nacional do PT e o tucano Barjas Negri, 52, secretário
estadual de Habitação e presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do Estado de São Paulo, a
mais rica das empresas públicas
de habitação -tem cerca de R$
600 milhões por ano.
Hereda diz que a secretaria da
Habitação está preparando um
novo programa, o qual eleva e torna explícito o subsídio aos mais
pobres.
Outro entrave à reforma dos
prédios desocupados é o valor
máximo que a Caixa Econômica
Federal financia em seu principal
programa para esse tipo de imóvel, o PAR (Programa de Arrendamento Residencial). O teto é de
R$ 32 mil. O próprio governo reconhece que o valor é insuficiente
para a compra de um apartamento vago no centro paulistano. Em
2004, serão criados tetos regionais, de acordo com Hereda.
(MARIO CESAR CARVALHO)
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