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AMBIENTE
Resolução define distância mínima entre sepulturas e lençol freático e dá prazo de seis meses para adequação
Conselho impõe regras para cemitérios
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
publicada em maio deste ano é o
primeiro instrumento de alcance
nacional a regulamentar a instalação e o funcionamento de cemitérios no país.
No entanto, para especialistas e
representantes do setor ouvidos
pela Agência Folha, a medida terá
efeito restrito, pois eles consideram quase impossível a adaptação
dos cemitérios atuais às exigências previstas no documento.
A norma dá um prazo de seis
meses -a partir da publicação da
resolução- para os cemitérios se
adaptarem a uma série de exigências, como a manutenção de distância mínima de 1,5 m do fundo
das sepulturas para o lençol freático e de 5 m da área de sepultamento para o limite do cemitério.
A resolução também submete
os cemitérios ao processo de licenciamento ambiental, abrindo
a possibilidade de simplificação
de padrões para cemitérios de pequeno porte (menos de 500 jazigos), localizados em cidades com
menos de 30 mil habitantes e que
não integrem complexos urbanos
ou regiões metropolitanas.
Até a publicação da resolução
do Conama -órgão colegiado do
Ministério do Meio Ambiente-,
a questão era regida por leis estaduais ou municipais específicas.
Em alguns casos, as normas são
até mais rígidas.
Contaminação
Localização e operação inadequadas de cemitérios podem contaminar águas subterrâneas pelo
"necrochorume" -neologismo
que designa o líquido viscoso e de
cor castanho-acinzentada resultante da decomposição de cadáveres- e por tintas e vernizes,
utilizados em caixões.
No lençol freático localizado
abaixo do Cemitério da Paz, em
Belo Horizonte, o geólogo Walter
Costa, da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), encontrou bactérias e metais pesados. O
cemitério foi criado em 1967.
Para o vice-presidente da
Acembra (Associação Brasileira
de Cemitérios), Flávio Magalhães,
o impacto ambiental causado por
cemitérios é "desprezível". Apesar de concordar com a resolução,
afirma que não há como cumprir
regras de distância mínima, que,
segundo ele, jogarão grande parte
dos cemitérios na ilegalidade.
O gerente de necrópoles da Prefeitura de Belo Horizonte, José da
Costa Filho, diz que a resolução
"chegou cem anos atrasada".
"Como vou retirar todos os corpos, regularizar a situação e retorná-los [para o local de origem]?"
Segundo Fárida Ximenes, do
Conama, cabe aos órgãos ambientais estaduais e municipais,
responsáveis pela aplicação da resolução, definirem regras para
adaptação de empreendimentos
já existentes. Para o geólogo Costa, da UFMG, a resolução é "superficial" e "pouco rígida" em relação aos cemitérios atuais.
A minuta da resolução foi elaborada por um grupo de trabalho
criado em maio do ano passado e
que contou com a representação
de diversos setores da sociedade.
Durante as discussões, o Ministério Público do Paraná e a ANA
(Agência Nacional de Águas) criticaram o que consideraram participação excessiva de representantes dos cemitérios.
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