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ASFALTO SELVAGEM
Queda-de-braço entre prefeitura e Estado deixa 18 mil passageiros na zona sul sem saber itinerário de coletivos
Marta barra ônibus de Alckmin em corredor
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova divergência entre as
administrações Marta Suplicy
(PT) e Geraldo Alckmin (PSDB)
deixa desde ontem 18 mil passageiros da região metropolitana de
São Paulo sem saber em que ruas
esperar os coletivos que seguem
em direção aos municípios de Itapecerica da Serra e Embu-Guaçu
-e sem saber se poderão descer
nos pontos de parada com os
quais estão acostumados.
A queda-de-braço se dá devido
à inauguração do corredor de ônibus Passa Rápido Jardim Ângela-Guarapiranga-Santo Amaro, com
7,3 km de extensão, na zona sul da
capital paulista, onde os veículos
da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), ligada ao governo do Estado, começaram a ser barrados pela
SPTrans (órgão municipal que
cuida do transporte) e transferidos para outros itinerários.
Sem receber informações das
mudanças, passageiros que esperavam nos pontos convencionais
ficaram sem alternativa. O impasse vai continuar hoje, já que, apesar de a SPTrans não permitir a
circulação dos coletivos intermunicipais ao longo do Passa Rápido, a EMTU orienta os motoristas
a manter os trajetos habituais.
O presidente da EMTU, Joaquim Lopes, afirmou ontem que a
Procuradoria Geral do Estado
também iria à Justiça contra a
Prefeitura de São Paulo para obter, por liminar, a autorização para circular por aquelas vias.
Proibição
A proibição dos coletivos intermunicipais -assim como a dos
ônibus fretados- tem sido adotada pela gestão Marta em todos
os corredores Passa Rápido (cujas
faixas exclusivas ficam à esquerda) que estão sendo inaugurados
neste ano. Ela alega que, como esses veículos não têm porta à esquerda, a situação do trânsito
nessas vias seria prejudicada se
eles continuassem na faixa da direita para pegar passageiros.
De acordo com a EMTU, os itinerários sugeridos pela SPTrans
aumentam entre 30 minutos e 40
minutos a viagem dos usuários
vindos de Itapecerica da Serra e
Embu-Guaçu -cuja duração
atinge 80 minutos normalmente.
A empresa diz que há 50 ônibus
que percorrem oito linhas nesses
trajetos. A tarifa varia de R$ 1,70 a
R$ 2,60.
"Há uma agenda entre os técnicos para negociar essas alterações,
mas elas não podem ter impactos
nos custos nem prejudicar os
usuários. Houve uma atitude arbitrária", afirmou Lopes, que alega ter sido avisado por fax, somente na tarde da sexta-feira, da
proibição dos itinerários vigentes.
A decisão da SPTrans também
saiu no "Diário Oficial" do município de sábado -embora a EMTU alegue que nem todas as linhas constem da publicação.
A EMTU diz que os bloqueios
feitos por fiscais municipais aos
veículos intermunicipais começaram na tarde de ontem nas proximidades da avenida Guarapiranga e da estrada do M'Boi Mirim.
Os fiscais estaduais foram à região
e voltaram a orientar seus motoristas a seguirem os trajetos dos
últimos anos -ordem que a empresa mantém para hoje.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal dos Transportes diz que as conversas entre os
técnicos dos dois governos estão
acontecendo há três meses e que,
por essa razão, não procede a informação de que a EMTU teria sido surpreendida pela proibição.
Em nota à imprensa, a pasta diz
somente que "está em processo
de ajustes e trabalha de modo a
não prejudicar os usuários, sejam
eles do sistema municipal ou do
intermunicipal".
Das 70 linhas intermunicipais
que passam pelos corredores que
a prefeitura está entregando ou
reformando -como Santo Amaro-Nove de Julho, Pirituba-Lapa-Centro, Ibirapuera, Inajar de Souza e Rebouças-Consolação-,
metade já havia desviado de rota.
Corredor
A inauguração do Passa Rápido
Jardim Ângela-Guarapiranga-Santo Amaro se deu no final de
semana. Segundo a gestão Marta,
480 veículos vão atender os 140
mil passageiros que utilizarão as
32 linhas do novo corredor.
No primeiro dia útil de operação, também houve congestionamentos pela manhã, que levaram
a empregada doméstica Maria
Angélica de Oliveira, 32, a descer
do ônibus na metade do caminho
para buscar um trajeto alternativo. Ela mora em Itapecerica e não
sabe até agora se poderá descer no
mesmo ponto para chegar ao trabalho, na Vila Mariana.
"Saí de casa às 8h30 e cheguei ao
serviço às 11h10. Peguei quatro
conduções, quando normalmente uso apenas uma", afirmou.
Segundo a SPTrans, a nova obra
beneficia principalmente os moradores de Jardim Ângela, Jardim
São Luis e Capão Redondo.
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