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Diretores de prisões e agentes são acusados de favorecer o PCC
Ministério Público investiga 20 servidores públicos que
podem ter ajudado a promover as ondas de atentados em SP
Um diretor foi exonerado, e
outro, preso sob a acusação
de ter recebido dinheiro para
facilitar a permanência
de detentos de Avaré
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Vinte servidores públicos sob
suspeita de terem ajudado o
PCC a promover as três ondas
de violência contra as forças de
segurança do Estado e contra a
ordem econômica nos últimos
meses são investigados pelo
Ministério Público, pela Secretaria da Administração Penitenciária e pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o
Crime Organizado).
A maioria dos suspeitos recebe salário do Estado para exercer a função de agente penitenciário. As investigações apontam que eles recebiam dinheiro
de presos ligados ao PCC para
que drogas e celulares entrassem em penitenciárias paulistas dominadas pela facção.
Com base em outra investigação, o diretor-geral da prisão
de Iaras foi exonerado do cargo
e o diretor de disciplina da Penitenciária de Iaras foi preso
sob a acusação de ter recebido
dinheiro para que facilitar a vida de detentos de Avaré.
De acordo com o Ministério
Público, um agente penitenciário identificado até agora como
Estefano, da Penitenciária 1 de
Mirandópolis (607 km de SP), é
apontado como sendo o maior
fornecedor de celulares para os
presos ligados ao PCC no oeste
do Estado, onde estão 32 mil
detentos (em 35 prisões) hoje.
Documentos em poder do
Gaeco revelam que Estefano
cobra em média R$ 2.000 para
fazer com que um celular chegue aos homens do PCC.
Contas bancárias em nome
de "laranjas" usadas por esses
servidores que recebem suborno para facilitar a ação do crime
organizado são rastreadas.
O governo avalia que o celular é a principal ferramenta de
articulação do PCC. Hoje, segundo Saulo, a polícia paulista
mantém 19 mil grampos telefônicos em linhas supostamente
usadas pelo crime organizado.
Diretores de prisão
Um dos golpes mais fortes
contra servidores públicos acusados de ligação com o PCC foi
dado anteontem. O diretor de
disciplina da Penitenciária de
Iaras (282 km de SP), Amauri
Viera Rosa, 44, foi preso sob a
acusação de ter recebido, no dia
21 março, R$ 20 mil de uma advogada ligada à cúpula da facção para que detentos tivessem
a vida facilitada na Penitenciária de Avaré (262 km de SP).
O pagamento do suborno a
Rosa, que teve prisão temporária de cinco dias decretada, foi
gravado pela advogada justamente com a câmera de um celular e entregue à Secretaria da
Administração Penitenciária
(SAP) em 28 de junho.
À época, Marcola, apontado
como líder do PCC, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola estavam presos
em Avaré.
Ontem, com base na mesma
investigação que levou Rosa
para a cadeia, o chefe dele, Fernando José Tomazella da Silva,
44, diretor-geral da prisão de
Iaras, foi exonerado do cargo e
voltou para a sua função original, a de agente penitenciário.
Ele também é suspeito de
prover regalias aos presidiários
acusados de liderar o PCC,
sempre em troca de dinheiro, e
responde sindicância interna e
poderá ser demitido.
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