São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Diretores de prisões e agentes são acusados de favorecer o PCC

Ministério Público investiga 20 servidores públicos que podem ter ajudado a promover as ondas de atentados em SP

Um diretor foi exonerado, e outro, preso sob a acusação de ter recebido dinheiro para facilitar a permanência de detentos de Avaré


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Vinte servidores públicos sob suspeita de terem ajudado o PCC a promover as três ondas de violência contra as forças de segurança do Estado e contra a ordem econômica nos últimos meses são investigados pelo Ministério Público, pela Secretaria da Administração Penitenciária e pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
A maioria dos suspeitos recebe salário do Estado para exercer a função de agente penitenciário. As investigações apontam que eles recebiam dinheiro de presos ligados ao PCC para que drogas e celulares entrassem em penitenciárias paulistas dominadas pela facção.
Com base em outra investigação, o diretor-geral da prisão de Iaras foi exonerado do cargo e o diretor de disciplina da Penitenciária de Iaras foi preso sob a acusação de ter recebido dinheiro para que facilitar a vida de detentos de Avaré.
De acordo com o Ministério Público, um agente penitenciário identificado até agora como Estefano, da Penitenciária 1 de Mirandópolis (607 km de SP), é apontado como sendo o maior fornecedor de celulares para os presos ligados ao PCC no oeste do Estado, onde estão 32 mil detentos (em 35 prisões) hoje.
Documentos em poder do Gaeco revelam que Estefano cobra em média R$ 2.000 para fazer com que um celular chegue aos homens do PCC.
Contas bancárias em nome de "laranjas" usadas por esses servidores que recebem suborno para facilitar a ação do crime organizado são rastreadas.
O governo avalia que o celular é a principal ferramenta de articulação do PCC. Hoje, segundo Saulo, a polícia paulista mantém 19 mil grampos telefônicos em linhas supostamente usadas pelo crime organizado.

Diretores de prisão
Um dos golpes mais fortes contra servidores públicos acusados de ligação com o PCC foi dado anteontem. O diretor de disciplina da Penitenciária de Iaras (282 km de SP), Amauri Viera Rosa, 44, foi preso sob a acusação de ter recebido, no dia 21 março, R$ 20 mil de uma advogada ligada à cúpula da facção para que detentos tivessem a vida facilitada na Penitenciária de Avaré (262 km de SP).
O pagamento do suborno a Rosa, que teve prisão temporária de cinco dias decretada, foi gravado pela advogada justamente com a câmera de um celular e entregue à Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) em 28 de junho.
À época, Marcola, apontado como líder do PCC, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola estavam presos em Avaré.
Ontem, com base na mesma investigação que levou Rosa para a cadeia, o chefe dele, Fernando José Tomazella da Silva, 44, diretor-geral da prisão de Iaras, foi exonerado do cargo e voltou para a sua função original, a de agente penitenciário.
Ele também é suspeito de prover regalias aos presidiários acusados de liderar o PCC, sempre em troca de dinheiro, e responde sindicância interna e poderá ser demitido.


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