São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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O PARQUE DO MANÍACO
Guardas relatam casos de assassinatos,
estupros e fantasmas

Violência real se mistura
a lendas e histórias de bruxas

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

Realidade e ficção, crimes e histórias de bruxas e fantasmas. No parque do Estado (na zona sul da cidade de São Paulo), palco da série de assassinatos que tornou o local conhecido em todo o país, funcionários convivem com lendas e violência real.
Em 38 anos ali dentro, o guarda-parque Itoflásio Lopes de Oliveira, 55, já viu suicidas enforcados em galhos e corpos mutilados. Mas há algo que, diz, só ele viu: uma moita que se mexia.
"Uma noite eu estava com o meu primo perto de um dos lagos. Tudo aconteceu muito rápido. Ele foi urinar e, em dois segundos, a moita começou a se mexer e a rodar em volta dela mesma. E olha que não estava ventando", relata.
Dizem que o prédio da sede do Instituto de Botânica, dentro do parque, é assombrado pelo fantasma de Frederico Campos Hoehne -o fundador do Jardim Botânico, construído nos anos 20. "Tem gente que não aceita trabalhar aqui à noite por causa da assombração", diz o diretor-geral do instituto, Adauto Ivo Milanez.
Outra lenda que corre de boca em boca é a existência da "casa da bruxa" -um casebre de barro de onde foi roubada uma boneca, há anos. "Nessa história de bruxa, eu só acredito se tocar nela", diz o guarda florestal Pedro Fávero, 61, há 20 no parque.
Fávero, o primeiro a encontrar as vítimas do maníaco, na mata próxima à sua casa, também tem sua crença. "É um buraco que chamam de cova do defunto. Dizem que quem cai lá, morre. Eu, hein."
Violência não é novidade para esses guarda-parques. A diferença, agora, é que esse serial-killer deixou uma marca registrada em suas vítimas: a violência sexual seguida de homicídio.
"Só no ano passado soube de uns cinco estupros cometidos no parque", diz Fávero. Paulo Henrique Lodgero, 33, chefe da segurança do Jardim Botânico, afirma que, por ano, ocorrem de três a quatro casos de assassinatos.
Os bugios, macacos que chegam a um metro de altura, que vivem no parque também protagonizam histórias. Funcionários contam reclamações de mulheres sobre os bugios. "Eles subiam nas árvores e puxavam os cabelos de algumas. Se é verdade, não sei."



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