|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HISTÓRIA
Acervo inclui peças de 300 anos
MS abriga mostra de instrumentos de tortura
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Aberta até o dia 21 em Campo
Grande (MS), a exposição de 34
instrumentos usados até 300 anos
atrás para torturar pessoas recolhe assinaturas contra a tortura no
Brasil. O documento será entregue à ONU (Organização das Nações Unidas).
A associação de historiadores
italianos, que montou a exposição
única no mundo, já recolheu 700
mil assinaturas desde 1997 no
Brasil, depois de passar por Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e interior de São Paulo. Incluindo os países europeus, o número de adesões ao abaixo-assinado chega a 4,2 milhões desde
1985, disse o historiador italiano
Franco Gentili, 60.
Os instrumentos que mais impressionam o público são a cadeira de inquisição (a pessoa sentava-se nua em 1.606 pontas de madeira e 23 de ferro), a virgem de
Nuremberg (espécie de sarcófago
onde a vítima era perfurada por
espadas, mas sofria por três dias
até a morte) e o serrote (estendida
de cabeça para baixo, a vítima era
serrada entre as pernas e ficava
consciente até a lâmina chegar ao
umbigo).
Segundo a coordenadora Carla
Andrade, pessoas que visitam a
exposição chegam a defender a
volta do uso dos instrumentos como punição para criminosos.
Parte dos visitantes não adere ao
abaixo-assinado.
No Brasil foram usados contra
os escravos o pelourinho, o tronco e o vira-mundo.
Gentili, que demorou dez anos
para reunir os instrumentos em
museus da Europa, disse que a exposição pede a aplicação principalmente do artigo 2º da convenção da ONU: "Uma ordem oficial
superior não pode ser invocada
como justificativa de tortura".
A exposição é visitada principalmente por estudantes. A professora Francineide Baes de Lima,
25, levou ontem 14 alunos de 7 a 8
anos de idade. Ela disse acreditar
que, se estimuladas, as crianças
podem refletir sobre problemas
como a tortura no Brasil.
Texto Anterior: Violência: Grupo mata seis pessoas, entre elas uma criança e uma grávida Próximo Texto: Minas: Suspeito de morte de modelo é solto Índice
|