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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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HISTÓRIA

Acervo inclui peças de 300 anos

MS abriga mostra de instrumentos de tortura

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Aberta até o dia 21 em Campo Grande (MS), a exposição de 34 instrumentos usados até 300 anos atrás para torturar pessoas recolhe assinaturas contra a tortura no Brasil. O documento será entregue à ONU (Organização das Nações Unidas).
A associação de historiadores italianos, que montou a exposição única no mundo, já recolheu 700 mil assinaturas desde 1997 no Brasil, depois de passar por Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e interior de São Paulo. Incluindo os países europeus, o número de adesões ao abaixo-assinado chega a 4,2 milhões desde 1985, disse o historiador italiano Franco Gentili, 60.
Os instrumentos que mais impressionam o público são a cadeira de inquisição (a pessoa sentava-se nua em 1.606 pontas de madeira e 23 de ferro), a virgem de Nuremberg (espécie de sarcófago onde a vítima era perfurada por espadas, mas sofria por três dias até a morte) e o serrote (estendida de cabeça para baixo, a vítima era serrada entre as pernas e ficava consciente até a lâmina chegar ao umbigo).
Segundo a coordenadora Carla Andrade, pessoas que visitam a exposição chegam a defender a volta do uso dos instrumentos como punição para criminosos. Parte dos visitantes não adere ao abaixo-assinado.
No Brasil foram usados contra os escravos o pelourinho, o tronco e o vira-mundo.
Gentili, que demorou dez anos para reunir os instrumentos em museus da Europa, disse que a exposição pede a aplicação principalmente do artigo 2º da convenção da ONU: "Uma ordem oficial superior não pode ser invocada como justificativa de tortura".
A exposição é visitada principalmente por estudantes. A professora Francineide Baes de Lima, 25, levou ontem 14 alunos de 7 a 8 anos de idade. Ela disse acreditar que, se estimuladas, as crianças podem refletir sobre problemas como a tortura no Brasil.


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