São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

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SAÚDE

Taxa diminuiu entre os homens em duas regiões do país; ministério atribui resultado a campanhas antitabagismo

Mortes por câncer de pulmão têm queda localizada

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O risco de mortes causadas por câncer de pulmão, brônquios e traquéia, relacionadas ao hábito de fumar, caiu entre homens das regiões Sudeste e Sul entre 1981 e 2001. Nas demais regiões, os índices de mortalidade masculina ficaram estáveis ou aumentaram. Entre as mulheres, houve aumento do índice em todo o país.
Apesar de a queda nos índices não ter ocorrido de maneira generalizada no país, o Ministério da Saúde, responsável pelo estudo, comemorou os resultados. Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, o Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a registrar queda no índice de mortes desses cânceres, que têm como principal causa o hábito de fumar.
"Isso significa que é possível ter políticas públicas de massa e que é possível ter efeitos", disse Maria de Fátima Marinho de Souza, do Departamento de Análise de Situação de Saúde.
Segundo ela, as regiões Sul e Sudeste apresentaram maior queda porque são locais onde as campanhas antitabagismo estão em vigor a mais tempo. "Em São Paulo, a proibição de fumar em ônibus existe desde a década de 50."
No Sudeste, a queda nos índices de mortalidade por câncer de pulmão, brônquio e traquéia ocorreram entre homens das duas faixas etárias analisadas-30 a 49 anos e 50 a 64 anos. No Sul, a queda foi apenas entre a primeira faixa.
Segundo Souza, nas duas regiões o número total de mortes pode até ter aumentado, mas o risco de morrer por essas doenças diminuiu se comparado ao crescimento populacional.
O estudo mostra que o risco de morte nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste ficou estável para homens entre 30 e 49 anos e cresceu entre o grupo de 50 a 64 anos. Segundo Souza, a explicação pode ser a maior dificuldade desses indivíduos deixarem de fumar. O fato de esses homens terem fumado por mais tempo pode ser outra explicação.
Entre as mulheres, o estudo mostra que o Brasil segue a tendência mundial, na qual cada vez mais mulheres morrem dos cânceres. "É um dado que reflete o comportamento feminino", diz Souza. Segundo ela, nos Estados Unidos, o risco de morte por câncer de pulmão, relacionado ao cigarro em 90% dos casos, é maior que os índices de câncer de mama feminino. No Brasil, os maiores percentuais de aumento foram registrados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.


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