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Aluno a distância vai melhor no Enade
Em 7 de 13 áreas onde comparação é possível no ensino superior, alunos de curso a distância superam demais estudantes
Levantamento do exame nacional mostra que vantagem nos primeiros anos de curso é ainda maior: 9 entre 13 áreas de ensino
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A educação a distância, no
Brasil, ainda é vista com desconfiança por boa parte da sociedade. Os primeiros resultados no Enade (exame do MEC
que avalia o ensino superior)
dos alunos que ingressaram em
cursos superiores com essa
modalidade de ensino, no entanto, mostram que, na maioria
das áreas, eles estão se saindo
melhor do que os estudantes
que fazem o mesmo curso, mas
da maneira tradicional.
Pela primeira vez desde a
criação do Enade (2004), o
Inep (órgão de avaliação e pesquisa do MEC) comparou o desempenho dos alunos dos mesmos cursos nas modalidades a
distância e presencial. Em sete
das 13 áreas onde essa comparação é possível, alunos da modalidade a distância se saíram
melhores do que os demais.
Quando a análise é feita apenas levando em conta os alunos
que ainda estão na fase inicial
do curso -o Enade permite separar o desempenho de ingressantes e concluintes-, o quadro é ainda mais favorável ao
ensino a distância: em nove das
13 áreas o resultado foi melhor.
Nesses casos, turismo e ciências sociais apresentaram a
maior vantagem favorável aos
cursos a distância. Geografia e
história foram os cursos em
que o ensino presencial apresentou melhor desempenho.
A análise só dos concluintes
ainda é limitada porque apenas
quatro áreas de nível superior
-administração, formação de
professores, matemática e pedagogia- já têm concluintes
em número suficiente para que
seja tirada uma média e comparada com a dos demais.
Entre os concluintes, o melhor desempenho para estudantes a distância foi verificado
em administração e matemática, enquanto em pedagogia e
formação de professores o resultado foi inverso.
Apesar de bem aceita em outros países, a educação a distância -em que a maior parte do
curso não é realizada em sala de
aula, com um professor- ainda
não deslanchou no Brasil.
Quando a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, de 1996, sinalizou o incentivo dessa modalidade -regulamentada dois
anos depois pelo governo federal- alguns especialistas esperavam um crescimento acelerado, afinal, o Brasil tinha -e
ainda tem- uma imensa população sem nível superior espalhada por um território vasto.
Não foi isso, porém, o que
aconteceu. Segundo o último
Censo da Educação Superior
do MEC, relativo a 2005, havia
apenas 115 mil alunos matriculados em cursos de graduação a
distância -o total de universitários foi de 4,5 milhões.
O censo mostra que os cursos
despertam pouco interesse.
Em 2005, foram oferecidas 423
mil vagas, mas apenas 234 mil
estudantes se inscreveram em
processos seletivos e, desses,
somente 127 mil efetivamente
ingressaram nos cursos.
Fogo cruzado
"Apesar das inúmeras experiências bem-sucedidas em outros países, o ensino a distância
continua sob fogo cruzado no
Brasil, com o argumento de que
vai piorar a qualidade. Alguns
até reconhecem o seu efeito democratizante, mas temem que
traga ainda mais dificuldades a
um sistema educacional com
problemas. Os dois últimos
Enades, no entanto, mostram
que este temor é injustificado",
avalia o diretor de Estatísticas e
Avaliação da Educação Superior, Dilvo Ristoff.
A educação a distância é uma
das principais apostas do Ministério da Educação na área de
formação de professores.
Inspirado num programa iniciado há seis anos pelo governo
do Rio, o MEC criou a UAB
(Universidade Aberta do Brasil), que funcionará como um
consórcio formado por universidades e centros federais que
oferecerão cursos a distância.
O secretário de Educação a
Distância do MEC, Carlos
Eduardo Bielschowsky, diz que
o foco na formação de professores nos primeiros cursos oferecidos pela UAB acontece não
por uma limitação do curso a
distância, mas sim para atender
a uma demanda não atendida.
"É possível estender a outras
áreas, desde que não se abra
mão da qualidade."
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