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ANÁLISE
Impedir acesso a armas é vital para conter a criminalidade
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
A palavra-chave é "acesso". Pessoas comuns, bandidos ou sua versão politizada,
o terrorista ou guerrilheiro,
precisam, para seus objetivos violentos, ter uma fonte
de armas, explosivos e coisas
mais mundanas como carros, combustível e comida.
Negar o acesso a isso aos
que estão fora da lei é objetivo básico do Estado e suas
instituições. Judiciário, polícias e Forças Armadas precisam agir conjuntamente de
modo a cortar o "acesso".
Quando bandidos emboscam um caminhão e roubam
explosivos, a primeira impressão é negativa; afinal, foram parar na mão dos caras
maus. Mas é bom sinal também: significa que os controles estão funcionando na
fonte, na produção do explosivo. Não é dali que está saindo subrepticiamente o arsenal das quadrilhas.
O mesmo vale para a indústria de armas e para as lojas que as vendem. O Brasil
tem controlado bem essa
área. Melhor do que os mais
liberais Estados Unidos, vide
a quantidade de malucos
dando tiros a esmo que assola o país norte-americano.
Há muitas armas de uso
exclusivo da polícia ou das
Forças Armadas que são vendidas livremente nos EUA.
Questão ideológica: está na
Constituição americana o direito a portar armas. Mas um
resultado desagradável são
os malucos que hoje atiram
em escolas, nas ruas ou tentam assassinar presidentes.
Mesmo no Brasil, há riscos
maiores em alguns locais. Armas envolvidas em crimes
são consideradas provas,
evidências, e não podem ser
destruídas antes de um julgamento final. Armazenadas
precariamente em fóruns,
correm o risco de voltar ao
"mercado" antes de serem
destruídas pelo Exército.
"Acesso", repetindo, é
fundamental. Não existiria
contrabando de armas para o
Brasil se fosse mais fácil à
bandidagem conseguir armas no mercado interno.
Parte das armas "made in
Brazil" que vão parar nas
mãos dos caras maus vem de
cidadãos comuns que acreditam que estão mais bem protegidos tendo uma arma em
casa -que termina furtada
ou roubada.
Como demonstraram as
urnas faz pouco tempo, o
brasileiro foi contra restrições adicionais à posse de armas. Foi uma vitória do mesmo tipo de defesa das liberdades individuais que mantém o direito nos EUA.
Mas cabe às autoridades
chegar a um equilíbrio difícil: como impedir que a arma
chegue ao bandido, mas que
possa estar na posse do bom
cidadão, respeitador das leis.
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