São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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ANÁLISE

Impedir acesso a armas é vital para conter a criminalidade

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

A palavra-chave é "acesso". Pessoas comuns, bandidos ou sua versão politizada, o terrorista ou guerrilheiro, precisam, para seus objetivos violentos, ter uma fonte de armas, explosivos e coisas mais mundanas como carros, combustível e comida.
Negar o acesso a isso aos que estão fora da lei é objetivo básico do Estado e suas instituições. Judiciário, polícias e Forças Armadas precisam agir conjuntamente de modo a cortar o "acesso".
Quando bandidos emboscam um caminhão e roubam explosivos, a primeira impressão é negativa; afinal, foram parar na mão dos caras maus. Mas é bom sinal também: significa que os controles estão funcionando na fonte, na produção do explosivo. Não é dali que está saindo subrepticiamente o arsenal das quadrilhas.
O mesmo vale para a indústria de armas e para as lojas que as vendem. O Brasil tem controlado bem essa área. Melhor do que os mais liberais Estados Unidos, vide a quantidade de malucos dando tiros a esmo que assola o país norte-americano.
Há muitas armas de uso exclusivo da polícia ou das Forças Armadas que são vendidas livremente nos EUA. Questão ideológica: está na Constituição americana o direito a portar armas. Mas um resultado desagradável são os malucos que hoje atiram em escolas, nas ruas ou tentam assassinar presidentes.
Mesmo no Brasil, há riscos maiores em alguns locais. Armas envolvidas em crimes são consideradas provas, evidências, e não podem ser destruídas antes de um julgamento final. Armazenadas precariamente em fóruns, correm o risco de voltar ao "mercado" antes de serem destruídas pelo Exército.
"Acesso", repetindo, é fundamental. Não existiria contrabando de armas para o Brasil se fosse mais fácil à bandidagem conseguir armas no mercado interno.
Parte das armas "made in Brazil" que vão parar nas mãos dos caras maus vem de cidadãos comuns que acreditam que estão mais bem protegidos tendo uma arma em casa -que termina furtada ou roubada.
Como demonstraram as urnas faz pouco tempo, o brasileiro foi contra restrições adicionais à posse de armas. Foi uma vitória do mesmo tipo de defesa das liberdades individuais que mantém o direito nos EUA.
Mas cabe às autoridades chegar a um equilíbrio difícil: como impedir que a arma chegue ao bandido, mas que possa estar na posse do bom cidadão, respeitador das leis.


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