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CLIMA
Rio tem o inverno mais quente em 75 anos; São Paulo, Belo Horizonte e cidades do interior também sofrem
Calor bate recordes no Sudeste do país
Regionais e Agência Folha
O calor registrado neste inverno
bateu recordes ontem em várias cidades da região Sudeste do país.
O Rio de Janeiro viveu o dia de
inverno mais quente dos últimos
75 anos. O Instituto Nacional de
Meteorologia registrou 42øC em
Bangu (zona oeste).
Desde 1922, essa foi a temperatura mais elevada de que se tem notícia nessa estação do ano. Em janeiro de 1984, a cidade chegou a ter
43,1øC, a maior já registrada.
Na cidade de São Paulo, a temperatura voltou a subir e, pelo segundo dia consecutivo, marcou novo
recorde para o ano.
Segundo o 7º distrito do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura máxima foi de
34øC, às 15h. Já o IAG (Instituto Astronômico e Geofísico) da Universidade de São Paulo registrou
34,2øC na capital, por volta das 15h.
A diferença se explica pelos locais de medição. Enquanto o posto
do Inmet fica no mirante de Santana (zona norte da capital), o do
IAG fica no Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga (zona sul).
O recorde anterior para o ano
havia sido registrado anteontem,
de acordo com as medições do Inmet: 32øC. O mesmo instituto revela que a temperatura na capital durante o mês de setembro não atingia valores tão altos desde 1988
-quando chegou a 34,9øC.
Em São José do Rio Preto (451
km a noroeste de SP), a Secretaria
da Agricultura do Estado registrou
39øC, a maior do ano na cidade.
Em Campinas (99 km de SP) a
temperatura máxima foi de 34,9øC,
a maior dos últimos três invernos,
segundo o instituto meteorológico
da Unicamp.
Em Ribeirão Preto (319 km de
SP) a máxima foi de 37øC, a maior
de setembro dos últimos nove
anos, segundo o mesmo instituto.
Belo Horizonte (MG) registrou
34,6%, fazendo deste inverno o
mais quente desde 1993.
Massa de ar quente
Segundo o meteorologista do
IAG Mário Festa, as altas temperaturas registradas ontem foram
causadas pela chegada de uma
massa de ar quente vinda da região
central do país.
"Antes de uma frente fria (prevista para chegar a São Paulo no
final da semana) é normal que haja
uma massa de ar quente associada
à circulação do ar."
Apesar de calor intenso, as altas
temperaturas não são anormais
para essa época do ano, segundo
Festa. No inverno de 1995 as temperaturas médias foram superiores às verificadas nos mesmos meses deste ano (veja quadro nesta
página).
De acordo com a chefe de Previsão do Centro Regional de Meteorologia do Rio, Marlene Leal, o aumento da temperatura e o longo
período de estiagem desse inverno
são causados pelo fenômeno climático denominado El Niño -o
aquecimento das águas do Pacífico, que altera o clima.
Segundo a meteorologista Ana
Maria Mattos, o que caracteriza o
rigor do inverno é o número de entradas de frentes frias na região,
que ocasionam as chuvas.
Nesse caso elas têm sido bloqueadas pelo El Niño, e as que
conseguem passar são muito fracas, não chegando a modificar o
clima, diz Ana Maria.
Poluição
Além do forte calor, o paulistano
enfrentou ontem um dia muito
poluído. Onze estações medidoras
da Cetesb (agência ambiental paulista) registraram qualidade do ar
inadequada. Duas estavam más
(Congonhas, por monóxido de
carbono, e Vila Parisi, em Cubatão, por material particulado).
Dez estações estavam regulares.
A previsão para hoje é de condições favoráveis à dispersão dos poluentes.
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