São Paulo, quarta, 10 de setembro de 1997.



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CLIMA
Rio tem o inverno mais quente em 75 anos; São Paulo, Belo Horizonte e cidades do interior também sofrem
Calor bate recordes no Sudeste do país

Regionais e Agência Folha

O calor registrado neste inverno bateu recordes ontem em várias cidades da região Sudeste do país.
O Rio de Janeiro viveu o dia de inverno mais quente dos últimos 75 anos. O Instituto Nacional de Meteorologia registrou 42øC em Bangu (zona oeste).
Desde 1922, essa foi a temperatura mais elevada de que se tem notícia nessa estação do ano. Em janeiro de 1984, a cidade chegou a ter 43,1øC, a maior já registrada.
Na cidade de São Paulo, a temperatura voltou a subir e, pelo segundo dia consecutivo, marcou novo recorde para o ano.
Segundo o 7º distrito do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura máxima foi de 34øC, às 15h. Já o IAG (Instituto Astronômico e Geofísico) da Universidade de São Paulo registrou 34,2øC na capital, por volta das 15h.
A diferença se explica pelos locais de medição. Enquanto o posto do Inmet fica no mirante de Santana (zona norte da capital), o do IAG fica no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (zona sul).
O recorde anterior para o ano havia sido registrado anteontem, de acordo com as medições do Inmet: 32øC. O mesmo instituto revela que a temperatura na capital durante o mês de setembro não atingia valores tão altos desde 1988 -quando chegou a 34,9øC.
Em São José do Rio Preto (451 km a noroeste de SP), a Secretaria da Agricultura do Estado registrou 39øC, a maior do ano na cidade.
Em Campinas (99 km de SP) a temperatura máxima foi de 34,9øC, a maior dos últimos três invernos, segundo o instituto meteorológico da Unicamp.
Em Ribeirão Preto (319 km de SP) a máxima foi de 37øC, a maior de setembro dos últimos nove anos, segundo o mesmo instituto.
Belo Horizonte (MG) registrou 34,6%, fazendo deste inverno o mais quente desde 1993.

Massa de ar quente
Segundo o meteorologista do IAG Mário Festa, as altas temperaturas registradas ontem foram causadas pela chegada de uma massa de ar quente vinda da região central do país.
"Antes de uma frente fria (prevista para chegar a São Paulo no final da semana) é normal que haja uma massa de ar quente associada à circulação do ar."
Apesar de calor intenso, as altas temperaturas não são anormais para essa época do ano, segundo Festa. No inverno de 1995 as temperaturas médias foram superiores às verificadas nos mesmos meses deste ano (veja quadro nesta página).
De acordo com a chefe de Previsão do Centro Regional de Meteorologia do Rio, Marlene Leal, o aumento da temperatura e o longo período de estiagem desse inverno são causados pelo fenômeno climático denominado El Niño -o aquecimento das águas do Pacífico, que altera o clima.
Segundo a meteorologista Ana Maria Mattos, o que caracteriza o rigor do inverno é o número de entradas de frentes frias na região, que ocasionam as chuvas.
Nesse caso elas têm sido bloqueadas pelo El Niño, e as que conseguem passar são muito fracas, não chegando a modificar o clima, diz Ana Maria.
Poluição
Além do forte calor, o paulistano enfrentou ontem um dia muito poluído. Onze estações medidoras da Cetesb (agência ambiental paulista) registraram qualidade do ar inadequada. Duas estavam más (Congonhas, por monóxido de carbono, e Vila Parisi, em Cubatão, por material particulado).
Dez estações estavam regulares. A previsão para hoje é de condições favoráveis à dispersão dos poluentes.



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