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DIREITOS HUMANOS
Nilmário Miranda quer que a PF investigue crime; para ele, "a Bahia não combateu os grupos de extermínio"
Assassinato é "desafio aberto", diz ministro
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Nilmário Miranda
(Direitos Humanos) classificou
ontem o assassinato de Gérson Jesus Bispo, na Bahia, como um
"desafio aberto" às autoridades.
Para ele, a morte demonstra que
os grupos de extermínio têm confiança na impunidade, pois praticaram o ato um dia depois de a relatora da ONU (Organização das
Nações Unidas) Asma Jahangir se
reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro informou já ter pedido à PF (Polícia Federal) a abertura de inquérito para apurar os responsáveis pelo assassinato.
Um irmão de Bispo, segundo
depoimento dado à relatora da
ONU, foi assassinado por um grupo de extermínio, supostamente
comandado por um sargento da
Polícia Militar ao qual é atribuída
responsabilidade pelo desaparecimento de 42 pessoas nos três últimos anos.
Bispo tornou-se colaborador do
Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana (CDDPH),
que acompanha e encaminha aos
órgãos competentes questões relacionadas ao tema.
Miranda criticou a Secretaria de
Segurança da Bahia, que foi informada da gravidade da situação
em Santo Antônio de Jesus e não
atendeu ao pedido de proteção
feito para cinco testemunhas que
colaboram com o CDDPH -Bispo não estava entre elas, segundo
afirmou ontem à noite o secretário de Comunicação da Bahia,
Fernando Vita.
Segundo o ministro, a atuação
da secretaria foi "precária", pois
se limitou a disponibilizar dois seguranças para acompanharem,
durante o dia, Ana Maria dos Santos, presidente do Fórum de Direitos Humanos de Santo Antônio de Jesus.
Estado omisso
"O Estado da Bahia não combateu os grupos de extermínio", disse o ministro Miranda, ao anunciar a decisão de federalizar a investigação do assassinato.
É a quarta vez que esse tipo de
medida é tomada. As outras aconteceram a partir de 1995, no enfrentamento a grupos de extermínio nos Estados do Acre, do Espírito Santo e da Bahia.
Bispo é a segunda testemunha
que colaborava com as ações de
combate aos grupos de extermínio que foi assassinada depois de
conversar com a relatora da ONU.
A primeira vítima foi Flávio Manoel da Silva, assassinado em Pedras de Fogo (PB).
A investigação da morte de Silva, apesar de estar sendo acompanhada por Miranda, não passou
para a alçada federal, pois ele não
era colaborador do CDDPH.
Logo após o assassinato de Silva, a relatora da ONU classificou
como "trágico" o ocorrido. Em
entrevista à Folha, chegou a dizer
que o episódio aumenta a "crença
de que aqui [no Brasil] assassinos
podem escapar de punições".
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