São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Ao se entrar em "modo sexual", ter a camisinha na mão faz diferença

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

Praticamente todo mundo já ouviu falar em Aids e sabe que a camisinha (ou a abstinência, tanto faz) é um meio eficaz de preveni-la. Não obstante, são registrados todos os anos milhares de novos casos da moléstia, além de gravidezes indesejadas.
O paradoxo do "eu sei, mas ajo como se não soubesse" tem bases neurológicas.
Quando redes neuronais associadas ao prazer sexual são ativadas, circuitos potencialmente concorrentes, como avaliação de risco e tomada de decisão, são inibidos. Em resumo, a carne é fraca.
Como os economistas Dan Ariely e George Lowenstein mostraram num elegante experimento de 2005, quando a pessoa entra em "modo sexual", parte do juízo tende a ser suspensa ou relativizada.
Os pesquisadores pediram a 23 universitários homens que respondessem a questões sobre sexo duas vezes, uma em condições normais e outra ao se masturbarem.
Havia perguntas como "você drogaria uma mulher para aumentar as chances de fazer sexo?". Quando excitados, os jovens responderam mais positivamente à pergunta. Moral da história: de boas intenções o inferno está cheio. Sob excitação, o cérebro esquece facilmente tudo aquilo que tinha aprendido.
Assim, campanhas de educação sexual, que em geral se limitam a mostrar a importância da camisinha (ou da abstinência, tanto faz), são necessárias, mas tendem a ser pouco eficientes.
O que pode fazer alguma diferença são detalhes práticos, como ter ou não o preservativo em mãos. Aí e só aí é possível que a pessoa lembre de utilizá-lo. A abstinência, pelo fato de não ser transportável, não funciona tão bem.


Texto Anterior: 9% das escolas distribuem preservativos
Próximo Texto: Juizes optam por aborto diante de gravidez indesejada, aponta estudo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.