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ANÁLISE
Ao se entrar em "modo sexual", ter a camisinha na mão faz diferença
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
Praticamente todo mundo
já ouviu falar em Aids e sabe
que a camisinha (ou a abstinência, tanto faz) é um meio
eficaz de preveni-la. Não obstante, são registrados todos
os anos milhares de novos
casos da moléstia, além de
gravidezes indesejadas.
O paradoxo do "eu sei,
mas ajo como se não soubesse" tem bases neurológicas.
Quando redes neuronais
associadas ao prazer sexual
são ativadas, circuitos potencialmente concorrentes, como avaliação de risco e tomada de decisão, são inibidos.
Em resumo, a carne é fraca.
Como os economistas Dan
Ariely e George Lowenstein
mostraram num elegante experimento de 2005, quando a
pessoa entra em "modo sexual", parte do juízo tende a
ser suspensa ou relativizada.
Os pesquisadores pediram
a 23 universitários homens
que respondessem a questões sobre sexo duas vezes,
uma em condições normais e
outra ao se masturbarem.
Havia perguntas como
"você drogaria uma mulher
para aumentar as chances de
fazer sexo?". Quando excitados, os jovens responderam
mais positivamente à pergunta. Moral da história: de
boas intenções o inferno está
cheio. Sob excitação, o cérebro esquece facilmente tudo
aquilo que tinha aprendido.
Assim, campanhas de
educação sexual, que em geral se limitam a mostrar a importância da camisinha (ou
da abstinência, tanto faz),
são necessárias, mas tendem
a ser pouco eficientes.
O que pode fazer alguma
diferença são detalhes práticos, como ter ou não o preservativo em mãos. Aí e só aí é
possível que a pessoa lembre
de utilizá-lo. A abstinência,
pelo fato de não ser transportável, não funciona tão bem.
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