São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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SEGURANÇA

PF prende dois policiais militares da reserva, um da ativa e um ex-soldado

PMs são acusados de desviar armamento da Polícia Civil

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem dois policiais militares da reserva, um da ativa e um ex-PM, suspeitos de participação em um esquema de desvio de armas do depósito da Polícia Civil de São Paulo. O grupo também é acusado de fabricar e vender clandestinamente armas e munições.
As armas clandestinas seriam vendidas para quadrilhas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Federal, o líder do grupo seria o major reformado da PM José de Angelis, 70.
No escritório dele, foram encontrados revólveres e pistolas que teriam sido desviados do Departamento de Produtos Controlados da Polícia Civil.
Parte das armas ainda trazia etiquetas informando o distrito policial da capital paulista no qual tinha sido apreendida antes de ser encaminhada para o depósito da Polícia Civil.
Em outro local da capital paulista, em um depósito usado pela quadrilha, os agentes federais localizaram mais de 200 armas -entre elas fuzis e espingardas- , além de tornos e outros objetos usados na fabricação e conserto de armamentos.
Para a PF, o major reformado era responsável por desviar as armas, com a ajuda de pelo menos dois policiais civis cujas identidades não foram reveladas.
O armamento desviado seria repassado para o sargento reformado da PM Jerônimo Monteiro da Silva, 76, o sargento da ativa Mauro Higino, 43, e o ex-policial militar Júlio Ulivieri, 44.
Eles comercializariam as armas com as quadrilhas de criminosos, segundo a Polícia Federal.

Operação
As prisões realizadas ontem fazem parte da quarta etapa da Operação Chumbo Grosso da Polícia Federal, criada para combater o comércio ilegal de armas.
Em abril deste ano, na primeira ação, os agentes descobriram um depósito clandestino de armas.
Ontem, a PF cumpriu seis mandados de prisão temporária. Além dos atuais e ex-PMs, Haroldo Pereira de Souza -que participaria da venda das armas- e o armeiro Francisco Romeiro Filho são acusados de participar da quadrilha, que também contrabandearia armas e munições do Paraguai.
Todos foram indiciados pelos crimes de posse, fabricação e comercialização ilegal de armas e munição. Foi na oficina do armeiro, na zona oeste de São Paulo, que a PF apreendeu o maior número de armas e munições.
Os agentes federais afirmam que agora vão investigar o desvio de armas do depósito do Departamento de Produtos Controlados. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, que não participou da operação, informou que o desvio vai ser investigado pela Corregedoria da Polícia Civil. Os dois PMs da reserva e o da ativa foram encaminhados para o Presídio Romão Gomes, da própria corporação.
Segundo o major Mauro Fernandes Tavares, porta-voz da Corregedoria da PM, o major Angelis e o sargento Silva entraram para a reserva em 1988 e 1981, respectivamente. Os dois vão sofrer processo militar e podem perder o posto -nesse caso, a família continuaria recebendo o salário.
Ulivieri foi demitido da PM em abril de 2002 por porte ilegal de arma. Segundo o major Tavares, foram apreendidas nove armas ilegais na casa do soldado.
O sargento Higino, único dos presos na ativa, sofrerá um processo disciplinar. Segundo o major, não há nada em seu currículo que apontasse para possível envolvimento nesse tipo de crime.
A Folha não teve acesso aos acusados ou a seus advogados.


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