|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Credores que oferecerem maior desconto sobre o valor devido pelo município poderão receber imediatamente
Serra vai leiloar parte da dívida da prefeitura
FABIO SCHIVARTCHE
ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração José Serra
(PSDB) fará até o final do ano um
leilão de parte da dívida de curto
prazo -mais de R$ 1,3 bilhão-
que a Prefeitura de São Paulo tem
com pessoas físicas e jurídicas. A
idéia é antecipar o pagamento a
quem oferecer maior desconto.
A dívida a ser leiloada, segundo
a gestão tucana, corresponde a
bens e serviços não pagos pela administração da ex-prefeita Marta
Suplicy (PT), que governou a cidade entre 2001 e 2004. Pouco depois de ser eleito, Serra determinou o parcelamento em até sete
anos do pagamento aos credores.
O prefeito pretendia pagar integralmente em 2005 apenas aqueles com dívidas de até R$ 100 mil.
Se mantiver sua previsão inicial,
o tucano deve encerrar o ano quitando R$ 530 milhões de um buraco total de R$ 1,8 bilhão deixado
pela gestão petista -que nega ter
deixado dívidas sem dinheiro em
caixa para quitá-las.
Sobraria, então, R$ 1,3 bilhão a
ser quitado. No leilão, a atual gestão oferecerá, no mínimo, R$ 300
milhões aos credores. Quem
apresentar uma proposta de desconto maior levará o dinheiro
agora. O restante terá de esperar
os sete anos -ou novo leilão-
para receber o crédito devido.
Procurada pela Folha desde segunda-feira, a administração José
Serra informou que a data para o
leilão ainda não está definida. Mas
já tramita na Câmara Municipal
um projeto substitutivo ao PPI
(um programa de quitação de tributos atrasados) que prevê a realização do leilão.
O projeto, elaborado por técnicos da Secretaria Municipal das
Finanças, foi apresentado oficialmente pelo líder do governo na
Câmara, José Aníbal (PSDB).
O assunto também foi tratado
em audiência pública na Câmara
com a participação do secretário
das Finanças, Mauro Ricardo, em
setembro passado.
A prefeitura estima economizar
R$ 200 milhões com a medida
-isto é, obter um desconto médio de 40% sobre o valor devido.
Situação atual
No primeiro semestre de 2005,
Serra fez diversas críticas à dívida
deixada pela sua antecessora.
Mas, após dez meses de governo,
mudanças em contratos públicos
e o recebimento de R$ 510 milhões do banco Itaú, que ganhou
licitação para gerenciar a conta-salário dos servidores paulistanos, a situação parece bem mais
confortável para o prefeito, um
dos nomes mais fortes do PSDB
para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) em 2006.
No final de outubro, o caixa da
prefeitura apontava cerca de R$
12 bilhões arrecadados e cerca de
R$ 11 bilhões liquidados.
Vereadores petistas têm dito
que a gestão Serra fechará o ano
com superávit, o que, na visão deles, provaria que Marta não deixou dívidas sem dinheiro em caixa para cobrir.
Já tucanos da prefeitura que
preparam o anúncio oficial do leilão das dívidas vão argumentar
que o saldo positivo foi obtido
com economia em diversos setores da administração.
Dirão que o atual superávit é
provisório, pois as despesas do
ano ainda não se encerraram. E
que a receita total para 2005 não
atingirá os R$ 15,2 bilhões previstos pela gestão anterior.
Texto Anterior: Ambiente: BA decreta emergência na Chapada Próximo Texto: Transportes: Tucano vê nova "chantagem" de viações Índice
|