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FILANTROPIA
Escola evita comentar punição dada por conselho
Faap perde certificado por aplicar pouco em distribuição de bolsas
JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Reunido ontem em Brasília, o
CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) cassou o certificado de filantropia da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), uma das mais tradicionais faculdades de São Paulo. Sem o título de filantrópica, a escola perde o
direito à isenção de tributos.
A legislação obriga entidades filantrópicas a aplicarem pelo menos 20% de todo o seu faturamento em benemerência. Inspeção
feita nas contas da Faap pelo INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) constatou que a escola destina, em média, apenas 1,5% de sua
receita à concessão de bolsas de
estudo para alunos carentes.
A Folha veiculou em novembro
do ano passado notícia sobre a
inadequação da contabilidade da
Faap às regras que regem a filantropia. O tesoureiro da escola,
Américo Fialdini Jr., disse ao jornal na época: "A lei está me pedindo para engarrafar um raio de sol.
O carente definido em lei infelizmente não chega ao terceiro grau.
Qual a universidade do país que
atende a descamisados?".
Ontem, a Faap informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que não comentará a decisão
do CNAS. A escola pode recorrer
do julgamento. Mas nem isso quis
dizer se fará ou não.
Decisão do conselho
O conselho que tomou a decisão
contrária à Faap integra o organograma do Ministério da Previdência Social. É composto por 18 pessoas -nove representantes do
governo e nove da chamada sociedade civil. São eles que concedem e cassam o Cebas (Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social).
O certificado precisa ser renovado a cada três anos. Para comprovar os investimentos em benemerência, as entidades enviam
para Brasília os seus balanços. Na
reunião de ontem, analisaram-se
os balanços da Faap relativos aos
anos de 1997 (faturamento de R$
70,1 milhões), 1998 (R$ 80,9 milhões) e 1999 (R$ 101,7 milhões).
A votação de ontem foi apertada. Estavam presentes 14 conselheiros. Abstiveram-se cinco.
Dois foram favoráveis à manutenção do certificado da Faap. Sete decidiram pela cassação.
A decisão do Conselho Nacional de Assistência Social, não interrompe inquérito civil aberto
pelo Ministério Público em São
Paulo para varrer os livros contábeis da Faap. Motivou-o o noticiário da Folha. A Procuradoria
requisitou o auxílio de auditores
da Previdência Social. Relatório
aponta desvios da suposta natureza filantrópica da escola.
Colaborou a Reportagem Local
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