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VIOLÊNCIA
Consultora, que vinha sendo ameaçada havia um mês, recebeu embalagem de zelador; polícia suspeita de ex-namorado
Mulher é vítima de caixa-bomba na Pompéia
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma bomba caseira feita de
pólvora branca e de pequenos
pregos explodiu ontem na Pompéia, zona oeste de São Paulo, deixando a consultora de informática Luciene de Souza Alves, 42,
gravemente ferida.
A explosão aconteceu na garagem do prédio da consultora, na
rua Rifaina, por volta das 13h. Ela
havia chegado de viagem quando
recebeu do zelador um pacote de
cerca de 30 cm grampeado. Quando abriu a embalagem, a bomba
foi acionada. Com a explosão, os
pregos atingiram o rosto, o peito e
o abdome da consultora. O braço
esquerdo ficou dilacerado.
A polícia suspeita de um ex-namorado da consultora, o boliviano Galo Mario Plata Gomes, 34,
que vinha fazendo ameaças desde
o mês passado.
Segundo um vizinho que não
quis se identificar, o pacote foi levado ao prédio por um taxista há
cerca de 15 dias e, aparentemente,
continha produtos cosméticos.
Luciene foi socorrida pelo consultor Gilmar Serrano, 41, que
mora na casa vizinha a seu prédio.
Serrano conta que ela estava deitada de bruços, em frente ao carro, com os braços e pernas cobertos de sangue, com as roupas totalmente queimadas.
Luciene foi levada às 14h30, pelo
helicóptero da PM, ao Hospital
das Clínicas.
Luciene chegou a fazer um boletim de ocorrência no 7ª DP no dia
1º de novembro contra Gomes,
mas o inquérito só foi aberto no
dia 17, depois que ela fez a solicitação formal de investigação. Ela teria sido motivada por mais de 200
e-mails, enviados no período de
seis dias, com ameaças de tortura,
sequestro e morte.
Segundo o delegado Edson Leal,
apesar de a ocorrência ter sido registrada há mais de um mês, a polícia não poderia ter evitado a explosão. "Fizemos o que reza a cartilha de investigação e não poderíamos prever essa tragédia. Agora as buscas estão mais intensas",
diz. Segundo a assessoria de imprensa do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Gomes também é investigado por envolvimento com narcotráfico e terrorismo.
Até a conclusão desta edição,
Luciene continuava no centro cirúrgico do HC. Apesar da gravidade dos ferimentos, a paciente
não corria risco de morte.
Além da explosão, os ferimentos maiores foram provocados
por tachas (pregos usados por sapateiro) que faziam parte do "recheio" da bomba. A parte mais
atingida foi o abdome. As tachas
provocaram uma hemorragia interna e obrigaram os médicos a
empregar a laparoscopia para localizar e retirar os pregos espalhados. Um dos fragmentos atingiu o
olho direito. Segundo o boletim
médico do hospital, "uma equipe
estudava o aproveitamento do
braço, que dependerá das condições vasculares".
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