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TRÁFICO DE ÓRGÃOS
Coronel reformado da PM, José Sílvio Boudoux Silva negou envolvimento durante depoimento em Recife
Preso médico acusado de integrar quadrilha
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A Polícia Federal prendeu ontem o médico e coronel reformado da Polícia Militar de Pernambuco José Sílvio Boudoux Silva,
54, suspeito de integrar a quadrilha internacional acusada de traficar órgãos humanos, do Brasil para a África do Sul.
Silva recebeu ordem de prisão
no início da tarde, após negar envolvimento no caso em depoimento na sede da PF, em Recife. O
militar foi a 12ª pessoa a ser detida
no Estado por suspeita de participação no mesmo crime.
O oficial está sendo investigado
por fornecer requisições de exames laboratoriais a cinco homens
supostamente aliciados pela quadrilha para vender um rim.
Os testes fariam parte de uma
triagem prévia de saúde a que seriam submetidos os interessados.
Aprovados, eles viajavam para a
cidade de Durban, na África do
Sul, onde um dos rins seria extraído e transplantado, após exames
complementares.
As requisições teriam sido solicitadas ao coronel há oito meses
pelo capitão da reserva da PM
I.B.S., um dos supostos líderes do
esquema, preso no último dia 2
com outras dez pessoas -entre
elas dois israelenses.
A PF acredita que, em um ano,
pelo menos 30 brasileiros tenham
sido cooptados pelo grupo e submetidos à cirurgia em troca de
quantias que variavam de US$
6.000 a US$ 10 mil (aproximadamente R$ 18 mil a R$ 30 mil).
"Excesso"
O advogado do coronel médico,
José de Siqueira Silva Júnior, disse
que seu cliente é inocente e que a
decretação da prisão dele, mesmo
que temporária, por cinco dias,
"não se justifica".
"Houve um excesso", declarou.
Segundo ele, foi o próprio oficial
quem solicitou ser ouvido para
esclarecer eventuais dúvidas. "Ele
protocolou esse pedido na semana passada, na Polícia Federal e na
Justiça Federal."
Silva Jr. disse que seu cliente reconheceu ter solicitado os exames
laboratoriais, mas afirmou que
não havia como ele saber que as
análises seriam usadas para o tráfico de órgãos humanos.
"O capitão, colega de farda, pediu os exames alegando que eram
para alguns parentes dele", disse o
advogado. "O coronel o atendeu e
solicitou testes rotineiros, não especializados", afirmou.
Segundo o advogado, o médico
pediu oito exames, sendo que um
transplante renal, exigiria "pelo
menos 40". A PF suspeita que o
grupo usava vários médicos para
completar a lista de testes.
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