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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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TRÁFICO DE ÓRGÃOS

Coronel reformado da PM, José Sílvio Boudoux Silva negou envolvimento durante depoimento em Recife

Preso médico acusado de integrar quadrilha

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Polícia Federal prendeu ontem o médico e coronel reformado da Polícia Militar de Pernambuco José Sílvio Boudoux Silva, 54, suspeito de integrar a quadrilha internacional acusada de traficar órgãos humanos, do Brasil para a África do Sul.
Silva recebeu ordem de prisão no início da tarde, após negar envolvimento no caso em depoimento na sede da PF, em Recife. O militar foi a 12ª pessoa a ser detida no Estado por suspeita de participação no mesmo crime.
O oficial está sendo investigado por fornecer requisições de exames laboratoriais a cinco homens supostamente aliciados pela quadrilha para vender um rim.
Os testes fariam parte de uma triagem prévia de saúde a que seriam submetidos os interessados. Aprovados, eles viajavam para a cidade de Durban, na África do Sul, onde um dos rins seria extraído e transplantado, após exames complementares.
As requisições teriam sido solicitadas ao coronel há oito meses pelo capitão da reserva da PM I.B.S., um dos supostos líderes do esquema, preso no último dia 2 com outras dez pessoas -entre elas dois israelenses.
A PF acredita que, em um ano, pelo menos 30 brasileiros tenham sido cooptados pelo grupo e submetidos à cirurgia em troca de quantias que variavam de US$ 6.000 a US$ 10 mil (aproximadamente R$ 18 mil a R$ 30 mil).

"Excesso"
O advogado do coronel médico, José de Siqueira Silva Júnior, disse que seu cliente é inocente e que a decretação da prisão dele, mesmo que temporária, por cinco dias, "não se justifica".
"Houve um excesso", declarou. Segundo ele, foi o próprio oficial quem solicitou ser ouvido para esclarecer eventuais dúvidas. "Ele protocolou esse pedido na semana passada, na Polícia Federal e na Justiça Federal."
Silva Jr. disse que seu cliente reconheceu ter solicitado os exames laboratoriais, mas afirmou que não havia como ele saber que as análises seriam usadas para o tráfico de órgãos humanos.
"O capitão, colega de farda, pediu os exames alegando que eram para alguns parentes dele", disse o advogado. "O coronel o atendeu e solicitou testes rotineiros, não especializados", afirmou.
Segundo o advogado, o médico pediu oito exames, sendo que um transplante renal, exigiria "pelo menos 40". A PF suspeita que o grupo usava vários médicos para completar a lista de testes.


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