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Região tem registros de abalos menores desde maio
Geólogos mediram detalhes do terremoto de ontem em seis sismógrafos locais
Equipe da UnB viaja a Minas hoje para recolher os dados; fratura em placa tectônica e tipo de solo podem ajudar a explicar a força do tremor
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Faz sete meses que o Observatório Sismológico da UnB
(Universidade de Brasília) já vinha registrando tremores menores na região de Itacarambi
(MG), abalada ontem por um
terremoto de 4,9 graus na escala Richter. Dois deles foram de
magnitude média -um de 3,5
em maio e um de 2,5 no início
de novembro.
"De outubro até inicio de novembro detectamos outros 20
tremores pequenos", disse ontem à Folha o geólogo Cristiano Chimpliganond, da UnB.
"Isso é normal. Quando acontece um tremor, em geral essa
atividade continua com tremores pequenos. Provavelmente
eles vão acontecer nesta semana também."
Os terremotos menores foram detectados por seis estações sismológicas que a UnB
instalou na região no final de
outubro. A equipe de Chimpliganond deve chegar hoje à região para recolher os dados
gravados em DVD.
O equipamento registrou tudo o que aconteceu ontem, e as
informações novas deverão
ajudar a explicar por que um
tremor de magnitude relativamente alta ocorreu em uma
área onde isso não é comum.
"Os grandes terremotos que
acontecem no mundo são nos
encontros de duas ou mais placas tectônicas, o que não é o caso do Brasil, que está no interior de uma placa", diz Chimpliganond. "Mas essa placa não
é toda uniforme. Ela pode ter
algumas rachaduras, falhas antigas, e vários tipos de rocha e
estão sobre algumas tensões.
Essas tensões migram da borda
para o interior das placas, e às
vezes elas são fortes o suficiente para movimentar fraturas
que já existem."
Esse tipo de fenômeno é difícil de prever com antecedência,
diz Champliganond. "[Essas falhas] ficam em profundidade e
não dá para ver", afirma.
O abalo de ontem derrubou
seis casas no vilarejo de Caraíbas. Segundo o geólogo da UnB,
porém, o grau de dano causado
pelo terremoto depende de outros fatores, como o tipo de solo em que as casas estavam
construídas e a profundidade
do epicentro do abalo, que deve
ter sido baixa.
"Estimamos que foi por volta
de cinco quilômetros abaixo da
superfície", diz Chimpliganond. De acordo com o geólogo, porém, o número ainda tem
margem de erro alta.
Desespero
Todas as medidas levantadas
até agora foram feitas a partir
da medida do abalo registrada
no solo de Brasília. A análise
dos dados das estações instaladas pela UnB em Itacarambi
deve demorar mais do que o
previsto, porque a prioridade
da equipe é ajudar a esclarecer
os moradores sobre o problema
e passar orientações de segurança. "O cenário está de completo desespero da população
local", diz Chimpliganond.
Segundo o geólogo, é mesmo
pouco comum a ocorrência de
terremotos da ordem de 5
graus na escala Richter. Até hoje, "apenas uma dezena" de
abalos acima desta magnitude
ocorreram no Brasil. O maior
deles foi no Mato Grosso, de 6,2
graus, em 1955.
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