São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Produtos piratas também atraem classe alta

Em pesquisa, 49% dos entrevistados com renda mensal superior a dez salários mínimos dizem comprar artigos falsos

Alvo do consumo das classes mais altas, itens falsificados da Mont Blanc, Rolex e Louis Vuitton custam até 90% menos que os originais

CARLA MONIQUE BIGATTO
"DO AGORA"

Mesmo em situação financeiras favorável, os brasileiros de classes mais altas compram produtos pirateados com freqüência. É o que revela pesquisa da Amcham (Câmara Americana de Comércio), realizada no mês passado em São Paulo, Belo Horizonte e Rio.
Segundo o levantamento, 49% dos entrevistados com renda mensal superior a dez salários mínimos (a maior faixa considerada) admitem que compram regularmente produtos pirateados.
A pesquisa apontou também que a classe B (renda mensal familiar média de dez salários mínimos) consome só 3% menos pirataria do que a classe C (renda de até nove salários).
Alvo do consumo das classes mais abastadas, produtos falsificados da Mont Blanc, Rolex, Louis Vuitton ou Nike podem custar até um décimo do preço dos originais. Ainda assim, chegam a valer mais de R$ 200.
O advogado Newton Vieira Junior, consultor do BPG (Brand Protection Group), grupo de empresas envolvidas no combate à pirataria, afirma que a diferença entre a pirataria popular e a de luxo é o modo como são apresentadas ao público. "Acompanhei apreensões desses produtos em que a origem é a mesma dos produtos vendidos na 25 de Março e Brás."

Chaveiro
Um empresário de 35 anos, que retornou recentemente da Europa, foi ontem ao Stand Center, na avenida Paulista, onde comprou um chaveiro Prada falsificado, por R$ 20.
"Na Europa, vi esse mesmo chaveiro por cem euros [equivalente a R$ 258]. Mas quem conhece percebe que não é verdadeiro", afirmou.
Além de serem encontrados em centros comerciais, os produtos de luxo piratas também são vendidos pela internet.
O vendedor de um dos sites de "réplicas" (como são chamados os artigos de luxo pirateados) admite vender falsificação, mas nega que esteja cometendo crime. "O cliente sabe o que está comprando, eu sei o que estou vendendo."
Um outro site mantém no ar um "termo de compromisso", no qual o consumidor assume a responsabilidade de não vender ou expor as peças como legítimas. Declara ainda que, se seguida tal norma, nenhum "ilícito" é cometido.

Crime
As alegações são refutadas pelo delegado Gilmar Bessa, da Delegacia de Propriedade Material, divisão do Deic (Departamento de Investigação Sobre Crime Organizado) que combate a pirataria.
"O único modo legal seria que a marca autorizasse a fabricação e comercialização dos produtos por outras empresas, o que é um absurdo", afirmou.
Segundo Bessa, só em 2007, a Polícia Civil apreendeu mais de 10 milhões de peças falsificadas. A maioria do material pirateado vendido no país vem da China. A fiscalização da entrada desses produtos no Brasil é de competência da Polícia Federal, que, procurada pela reportagem, não se manifestou.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Bando rouba itens falsos apreendidos pela prefeitura
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.