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Produtos piratas também atraem classe alta
Em pesquisa, 49% dos entrevistados com renda mensal superior a dez salários mínimos dizem comprar artigos falsos
Alvo do consumo das classes
mais altas, itens falsificados
da Mont Blanc, Rolex e Louis
Vuitton custam até 90%
menos que os originais
CARLA MONIQUE BIGATTO
"DO AGORA"
Mesmo em situação financeiras favorável, os brasileiros
de classes mais altas compram
produtos pirateados com freqüência. É o que revela pesquisa da Amcham (Câmara Americana de Comércio), realizada
no mês passado em São Paulo,
Belo Horizonte e Rio.
Segundo o levantamento,
49% dos entrevistados com
renda mensal superior a dez salários mínimos (a maior faixa
considerada) admitem que
compram regularmente produtos pirateados.
A pesquisa apontou também
que a classe B (renda mensal familiar média de dez salários
mínimos) consome só 3% menos pirataria do que a classe C
(renda de até nove salários).
Alvo do consumo das classes
mais abastadas, produtos falsificados da Mont Blanc, Rolex,
Louis Vuitton ou Nike podem
custar até um décimo do preço
dos originais. Ainda assim, chegam a valer mais de R$ 200.
O advogado Newton Vieira
Junior, consultor do BPG
(Brand Protection Group), grupo de empresas envolvidas no
combate à pirataria, afirma que
a diferença entre a pirataria popular e a de luxo é o modo como
são apresentadas ao público.
"Acompanhei apreensões desses produtos em que a origem é
a mesma dos produtos vendidos na 25 de Março e Brás."
Chaveiro
Um empresário de 35 anos,
que retornou recentemente da
Europa, foi ontem ao Stand
Center, na avenida Paulista,
onde comprou um chaveiro
Prada falsificado, por R$ 20.
"Na Europa, vi esse mesmo
chaveiro por cem euros [equivalente a R$ 258]. Mas quem
conhece percebe que não é verdadeiro", afirmou.
Além de serem encontrados
em centros comerciais, os produtos de luxo piratas também
são vendidos pela internet.
O vendedor de um dos sites
de "réplicas" (como são chamados os artigos de luxo pirateados) admite vender falsificação,
mas nega que esteja cometendo
crime. "O cliente sabe o que está comprando, eu sei o que estou vendendo."
Um outro site mantém no ar
um "termo de compromisso",
no qual o consumidor assume a
responsabilidade de não vender ou expor as peças como legítimas. Declara ainda que, se
seguida tal norma, nenhum
"ilícito" é cometido.
Crime
As alegações são refutadas
pelo delegado Gilmar Bessa, da
Delegacia de Propriedade Material, divisão do Deic (Departamento de Investigação Sobre
Crime Organizado) que combate a pirataria.
"O único modo legal seria
que a marca autorizasse a fabricação e comercialização dos
produtos por outras empresas,
o que é um absurdo", afirmou.
Segundo Bessa, só em 2007, a
Polícia Civil apreendeu mais de
10 milhões de peças falsificadas. A maioria do material pirateado vendido no país vem da
China. A fiscalização da entrada desses produtos no Brasil é
de competência da Polícia Federal, que, procurada pela reportagem, não se manifestou.
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