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Tatuapé e Mooca terão hospitais de luxo
Até 2009, a zona leste contará com três hospitais em funcionamento, com 718 leitos a mais, uma ampliação de 77%
Pesquisas de mercado
indicam que 28% da
população da zona leste tem
planos de saúde que dão
acesso aos hospitais top
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A zona leste de São Paulo é o
novo foco do mercado da saúde
privada de alto padrão. Com investimentos de R$ 190 milhões,
dois hospitais destinados ao
público A e B acabam de chegar
à região, onde vivem cerca de
4,5 milhões de pessoas-o equivalente a duas Paris. Uma terceira unidade, da Amil, deve ser
inaugurada até 2009.
A região impressiona pelo
contraste socioeconômico: moradores do Jardim Anália Franco, por exemplo, têm renda per
capita de R$ 3.081. Já Lajeado,
por exemplo, onde moram 158
mil pessoas- há quem viva
com apenas as oito dezenas
dessa cifra (R$ 80,00).
Pesquisas de mercado indicam que 28% da população da
zona leste (ZL) têm planos de
saúde que dão acesso aos hospitais top. Se considerados os 2
milhões de habitantes das cidades-fronteira, como Guarulhos, Santo André e São Caetano, esse índice vai a 37%.
Esses mesmos estudos mostraram que, hoje, 40% dos
usuários de planos de saúde da
zona leste procuram por recursos médico-hospitalares em
outras regiões da cidade, especialmente nas zonas sul e oeste,
pela falta de hospitais de alto
padrão. Quando o caso requer
cirurgia, 100% dos que têm planos executivos deixam a ZL.
"A zona leste concentra a segunda maior renda per capita
da cidade. Isso garante a viabilidade do investimento em um
hospital de alto padrão", afirma
André Staffa Filho, presidente
do hospital São Luiz. O grupo
inaugura amanhã (terça) a terceira unidade, o Anália Franco,
localizada no Tatuapé.
Com investimentos de R$
140 milhões, o hospital é o
maior em extensão (46 mil m2)
do grupo São Luiz. Terá 279
leitos e capacidade para realizar 1.300 cirurgias e 670 partos
mensais. Hoje, 14% dos pacientes das unidades Itaim e Morumbi do hospital São Luiz são
moradores da zona leste.
A 5 km dali, na Mooca, está o
Hospital Villa-Lobos, inaugurado na semana passada. Pertencente ao mesmo grupo do
Hospital Cema -referência em
otorrinolaringologia e oftalmologia-, a unidade recebeu investimentos de R$ 50 milhões.
Além do público A e B, o hospital pretende oferecer diferenciais à classe C, como hotelaria. Pacientes cujos planos só
dão direito à enfermaria contam com quartos duplos, equipados com frigobar e TV de
plasma. "Duvido que exista outra enfermaria com esse nível",
diz Paulo Roberto Cretella, diretor clínico do Villa-Lobos.
Em 2009, o grupo Amil deve
entregar o Hospital Anália
Franco -no bairro homônimo-, com 239 leitos, numa
área de 28 mil m2 de área construída, com maternidade, UTI
de adulto e neonatal.
Por estar em processo de
abertura de capital, a empresa
não divulgou o valor da obra.
A mesma região ganha, até
2010, um centro de diagnóstico
do grupo de maternidades Santa Joana-Pro Matre, com ênfase à saúde da mulher e da
criança. O investimento, entre
a aquisição do terreno e a construção do imóvel- é de 13,5
milhões, segundo o diretor-presidente do grupo, Antonio
Amaro. Hoje, segundo ele,
8,2% dos pacientes das maternidades são da zona leste.
Demanda
Até 2009, com os três hospitais em funcionamento, a zona
leste estará com 718 leitos a
mais, uma ampliação de 77% da
atual situação (930 leitos).
Para Antonio Amaro, esse
aumento de leitos destinado ao
mesmo perfil de público pode
levar a mais oferta do que demanda. "É preciso cautela."
Já Dante Montagnana, presidente do Sindhosp (sindicato
dos hospitais paulistas), acredita que não há esse risco porque
muito da demanda da zona leste é atendida hoje em outras regiões da cidade. Assim, com os
serviços de primeira linha, ele
acredita que esse público pode
migrar novamente para ZL.
"Havia uma carência de hospitais para as classes A e B. Antes de investimentos dessa natureza, há muita pesquisa de
mercado. Os empresários não
iriam correr o risco se não houvesse garantia de retorno. E para os pacientes é mais cômodo."
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