São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

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Tatuapé e Mooca terão hospitais de luxo

Até 2009, a zona leste contará com três hospitais em funcionamento, com 718 leitos a mais, uma ampliação de 77%

Pesquisas de mercado indicam que 28% da população da zona leste tem planos de saúde que dão acesso aos hospitais top

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A zona leste de São Paulo é o novo foco do mercado da saúde privada de alto padrão. Com investimentos de R$ 190 milhões, dois hospitais destinados ao público A e B acabam de chegar à região, onde vivem cerca de 4,5 milhões de pessoas-o equivalente a duas Paris. Uma terceira unidade, da Amil, deve ser inaugurada até 2009.
A região impressiona pelo contraste socioeconômico: moradores do Jardim Anália Franco, por exemplo, têm renda per capita de R$ 3.081. Já Lajeado, por exemplo, onde moram 158 mil pessoas- há quem viva com apenas as oito dezenas dessa cifra (R$ 80,00).
Pesquisas de mercado indicam que 28% da população da zona leste (ZL) têm planos de saúde que dão acesso aos hospitais top. Se considerados os 2 milhões de habitantes das cidades-fronteira, como Guarulhos, Santo André e São Caetano, esse índice vai a 37%.
Esses mesmos estudos mostraram que, hoje, 40% dos usuários de planos de saúde da zona leste procuram por recursos médico-hospitalares em outras regiões da cidade, especialmente nas zonas sul e oeste, pela falta de hospitais de alto padrão. Quando o caso requer cirurgia, 100% dos que têm planos executivos deixam a ZL.
"A zona leste concentra a segunda maior renda per capita da cidade. Isso garante a viabilidade do investimento em um hospital de alto padrão", afirma André Staffa Filho, presidente do hospital São Luiz. O grupo inaugura amanhã (terça) a terceira unidade, o Anália Franco, localizada no Tatuapé.
Com investimentos de R$ 140 milhões, o hospital é o maior em extensão (46 mil m2) do grupo São Luiz. Terá 279 leitos e capacidade para realizar 1.300 cirurgias e 670 partos mensais. Hoje, 14% dos pacientes das unidades Itaim e Morumbi do hospital São Luiz são moradores da zona leste.
A 5 km dali, na Mooca, está o Hospital Villa-Lobos, inaugurado na semana passada. Pertencente ao mesmo grupo do Hospital Cema -referência em otorrinolaringologia e oftalmologia-, a unidade recebeu investimentos de R$ 50 milhões.
Além do público A e B, o hospital pretende oferecer diferenciais à classe C, como hotelaria. Pacientes cujos planos só dão direito à enfermaria contam com quartos duplos, equipados com frigobar e TV de plasma. "Duvido que exista outra enfermaria com esse nível", diz Paulo Roberto Cretella, diretor clínico do Villa-Lobos.
Em 2009, o grupo Amil deve entregar o Hospital Anália Franco -no bairro homônimo-, com 239 leitos, numa área de 28 mil m2 de área construída, com maternidade, UTI de adulto e neonatal.
Por estar em processo de abertura de capital, a empresa não divulgou o valor da obra.
A mesma região ganha, até 2010, um centro de diagnóstico do grupo de maternidades Santa Joana-Pro Matre, com ênfase à saúde da mulher e da criança. O investimento, entre a aquisição do terreno e a construção do imóvel- é de 13,5 milhões, segundo o diretor-presidente do grupo, Antonio Amaro. Hoje, segundo ele, 8,2% dos pacientes das maternidades são da zona leste.

Demanda
Até 2009, com os três hospitais em funcionamento, a zona leste estará com 718 leitos a mais, uma ampliação de 77% da atual situação (930 leitos).
Para Antonio Amaro, esse aumento de leitos destinado ao mesmo perfil de público pode levar a mais oferta do que demanda. "É preciso cautela."
Já Dante Montagnana, presidente do Sindhosp (sindicato dos hospitais paulistas), acredita que não há esse risco porque muito da demanda da zona leste é atendida hoje em outras regiões da cidade. Assim, com os serviços de primeira linha, ele acredita que esse público pode migrar novamente para ZL.
"Havia uma carência de hospitais para as classes A e B. Antes de investimentos dessa natureza, há muita pesquisa de mercado. Os empresários não iriam correr o risco se não houvesse garantia de retorno. E para os pacientes é mais cômodo."

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