|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Serra diz que reduziu aulas de história para atender a "imposição"
Medida foi adotada, segundo o governador, porque lei federal determinou inclusão de sociologia e ampliação de filosofia
Ele ainda criticou União por interferir em "tarefas do Estado'; MEC disse que lei partiu do Congresso, onde foi "aprovada por sólida maioria"
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), criticou ontem a lei federal que incluiu sociologia e ampliou filosofia no
currículo do ensino médio da
rede estadual paulista. Para
acomodar as disciplinas, a gestão tucana decidiu reduzir a
carga horária de história.
A legislação, proposta pelo
deputado federal Ribamar Alves (PSB-MA), foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo
governo Lula (PT) em junho.
"Não foi decisão do governo
do Estado [a inclusão de filosofia e sociologia]. Por nós, não
teríamos feito a mudança. É
imposição federal. Vamos fazer
o quê? Tirar português e matemática?", disse Serra, em Carapicuíba (Grande São Paulo).
A lei prevê que as disciplinas
sejam dadas nos três anos do
ensino médio (SP não tinha sociologia e não havia filosofia no
terceiro), mas não fixa como
deve ser feita a implantação.
Conforme a Folha informou
no último sábado, para incluir
as disciplinas, o governo estadual decidiu cortar 80 aulas de
história no ensino médio diurno, considerando os três anos
do ensino médio (redução de
22,2%), e 120 do período noturno (queda de 37,5%).
A secretária estadual da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou que
não era possível ampliar a jornada para acomodar as matérias, pelo tamanho da rede (que
já funciona em três turnos).
"O que está acontecendo é
uma grande centralização do
ensino no Brasil, no fundamental e médio. São tarefas dos
Estados e municípios. A esfera
federal está crescentemente
interferindo nisso. Não acho
bom. Acho bom descentralizar", afirmou Serra.
Anteriormente, o tucano já
havia reclamado da aprovação
do piso nacional salarial para
os professores da educação básica (também aprovado pelo
Congresso Nacional e sancionado pelo governo federal).
Um dos dispositivos mais
criticados foi o que determina
que ao menos um terço da jornada dos professores tem de
ser usada fora da sala de aula
(em correção de provas ou de
trabalhos, por exemplo). O governo paulista diz ser inconstitucional uma lei federal ditar as
regras da carga de trabalho dos
docentes de uma rede estadual.
Outro lado
O Ministério da Educação,
por meio da assessoria de imprensa, afirmou que a lei que
estabeleceu a inclusão de sociologia e filosofia no currículo do
ensino médio partiu do Legislativo, "aprovada por sólida
maioria no Congresso Nacional". A regra foi aprovada por
votação simbólica no Senado.
O MEC disse ainda que a lei
não prevê que as duas disciplinas sejam implementadas em
detrimento a outras.
O governo Lula negou que esteja centralizando as decisões
dos ensinos fundamental e médio. Afirmou que apenas faz a
definição de diretrizes nacionais para a educação, conforme
prevê a Constituição.
Anteontem, o deputado Ribamar Alves disse que a intenção era que as disciplinas fossem acrescentadas sem que
houvesse redução de outras.
(ROGÉRIO PAGNAN e FÁBIO TAKAHASHI)
Texto Anterior: Criminalística: Câmara aprova autonomia a peritos Próximo Texto: Frase Índice
|