São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Sistema anticheia só volta à ativa em 10 dias

Bomba que falhou na chuva de anteontem e agravou a enchente dos rios Pinheiros e Tietê só fica pronta na semana que vem; não há "plano B"

Há previsões de chuvas fortes amanhã e sábado; secretária estadual Dilma Pena diz que não haverá mais nenhuma "catástrofe"

ROGÉRIO PAGNAN
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A bomba que falhou e agravou as enchentes em São Paulo anteontem só voltará a funcionar na próxima semana -em até dez dias. Até lá, a capital ficará sem um plano alternativo para suprir a falta desse equipamento caso haja novos temporais com proporções semelhantes. Há previsão de chuvas fortes amanhã e no sábado.
O temporal desta semana na Grande SP provocou a morte de oito pessoas, deixou centenas de pessoas ilhadas, 105 pontos de alagamentos, estradas fechadas, cerca de mil desabrigados e levou ao transbordamento do Tietê. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) minimizou os transtornos. Disse que foi "um dia muito difícil". "O caos é diferente. Caos é caos", declarou.
O equipamento que falhou é um dos quatro existentes na Usina Elevatória de Traição, no rio Pinheiros, criada justamente para conter as enchentes. Ele tem a função de reverter a trajetória do rio, direcionando as águas para a represa Billings.
Anteontem, em nota, a gestão José Serra (PSDB) afirmava que o "maior problema no rio Pinheiros foi com uma bomba do sistema da usina de Traição que não funcionou". "Isso comprometeu 25% da capacidade de bombeamento e estrangulou ainda mais a capacidade de escoamento do Tietê."
Ontem, porém, após ser questionada sobre a existência de um "plano B", a secretária de Saneamento e Energia do Estado, Dilma Pena, passou a minimizar a importância do equipamento e, também, afirmou que não haverá nova "catástrofe".
"O que aconteceu no Tietê e em Pinheiros não pode ser creditado à bomba. Houve uma chuva muito intensa, torrencial. A bomba ajudaria ali naquele ponto, ali na Cidade Universitária. Ali a bomba ajudaria, o nível ficaria mais baixo. Ali fez falta a quarta bomba, mas para o Tietê não tem influência nenhuma", afirmou.
E o "plano B"? "O importante é o monitoramento. Estamos monitorando. Junto com o pessoal do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]. Não tem catástrofe não."
Para o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas não devem dar trégua até o fim de semana.
"A falha na bomba é a mesma coisa que, durante uma cirurgia cardíaca, o anestesista dizer ao cirurgião que a energia do prédio acabou e o gerador não está funcionando. Ninguém sabia que a bomba não funcionava?", questiona Marcelo Rozenberg, do Instituto de Engenharia.
Dilma também deu detalhes do "estudo" sobre a implantação de duas bombas adicionais na usina de Traição. Segundo ela, não serão máquinas reservas, mas sim novos equipamentos que serão acoplados. Não há, porém, um prazo -e isso deverá ocorrer só em 2010.
A gestão Kassab se negou ontem a dar detalhes sobre falhas no sistema de escoamento de água na ponte das Bandeiras, onde há bombas para remover água das pistas. O prefeito falou em intrigas. "Foram algumas pessoas que quiseram intrigar a prefeitura com o governo."
Dilma confirmou problemas na região, mas não falou em bombas. "Foi um muro de arrimo, que protege contra passagem das águas para pista."


Colaborou a Reportagem Local


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