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VERÃO
Latinha de cerveja ou refrigerente deixada na areia leva de 100 a 500 anos para ser absorvida pela natureza
Jogue lixo na praia para seu tetraneto limpar
da Sucursal do Rio
Sabe aquela latinha de cerveja
que você, por
preguiça, deixou na areia da
praia em vez de
jogar na lixeira?
Se ninguém pegar, ela vai continuar lá à espera de
seu tetraneto.
É que qualquer lixo que você
produz leva um certo tempo para
ser consumido pela natureza.
No caso da lata (alumínio), ela
leva de 100 a 500 anos para se decompor. Uma simples ponta de cigarro, por exemplo, leva dois
anos.
E não há lixo "inocente". Mesmo cascas de fruta, por exemplo,
demoram três meses para serem
absorvidas pela natureza.
Também não há distinção por
Estado. Se na praia de Indaiá (Caraguatatuba, litoral norte de São
Paulo) há até rato morto na areia,
no Rio, em apenas um dia de verão, a orla é coberta por uma
quantidade de lixo equivalente à
sujeira produzida em uma cidade
com mais de 1,5 milhão de habitantes.
Se a população ajudasse, recolhendo o lixo que produz, em vez
de jogá-lo nas ruas, praias e no
mar, a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana do
Rio) calcula que economizaria R$
50 milhões dos R$ 273 milhões que
gasta por ano para tentar manter a
cidade do Rio de Janeiro limpa.
"Ainda não consegui limpar tudo do Ano Novo. Estou pedindo
reforço para o Carnaval. Se não
conseguir, vai ficar difícil manter a
cidade limpa", diz Luiz Antônio
Garzon Caparica, diretor do departamento de serviços públicos
de Búzios, uma das principais cidades turísticas do Estado do Rio.
Cidadania
Em meio ao amontoado de lixo,
o veranista parece estar tomando
consciência do problema. Associações de "amigos das praias",
moradores e comerciantes iniciam
ações, ainda tímidas, para controlar a degradação dos balneários.
"Os veranistas estão incorporando um sentimento de cidadania. É a única saída de curto prazo
para preservarmos nossas praias",
diz o vice-presidente da Sociedade
de Amigos de Maresias (litoral
norte de São Paulo), José Roberto
Menezes.
A entidade está construindo um
canil e uma clínica veterinária para
tirar das praia cachorros vadios,
que também sujam as praias.
Problema do Estado
Além dos banhistas, também as
administrações públicas têm sua
parte de culpa, pois há muitas regiões sem rede de esgoto instalada
e não há fiscalização eficiente para
verificar a destinação do lixo.
Nas praias de São Sebastião (litoral norte de São Paulo), por exemplo, a população flutuante durante
os feriados de final do ano foi dez
vezes maior que o número de residentes, e a produção de lixo cresceu cinco vezes.
No ritmo atual, em dez anos não
haverá mais espaço para colocar o
lixo recolhido, já que o aterro da
praia da Baleia -o único da região- deve estar saturado, calcula o coordenador de campanha da
organização não-governamental
Greenpeace, Délcio Rodrigues.
(FABIO SCHIVARTCHE, CRISTINA GRILLO e RONI LIMA)
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