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FEBEM
O promotor de Justiça Saulo de Castro Abreu Filho, o quinto a ocupar o cargo na gestão Mário Covas, tomou posse ontem
Novo presidente quer reduzir número de internos
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor de Justiça Saulo de
Castro Abreu Filho assumiu ontem a presidência da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor) de São Paulo prometendo
"tolerância zero" contra a corrupção e se comprometendo a reduzir o número de menores internos
na instituição.
De maio de 2000 a janeiro deste
ano, o número de menores em regime fechado cresceu de 3.500 para 4.200. Por dia, entram 35 novos
internos e saem apenas 29.
Abreu Filho é o quinto presidente da Febem desde 1995,
quando o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), iniciou o
primeiro mandato. O promotor
substitui Benedito Duarte, que
pediu demissão desgastado com
as últimas rebeliões e fugas.
O novo presidente da Febem
disse querer dar maior rigor às
sindicâncias que apurem denúncias de irregularidades na instituição. "Essa é minha especialidade", disse Abreu Filho, que era
corregedor-geral da Administração do Governo do Estado.
A informatização, uma das suas
prioridades, também será, segundo Abreu Filho, uma forma de
acompanhar melhor o funcionamento da instituição, inibindo
possíveis atos de corrupção.
Desde outubro de 1999, quando
ocorreu uma rebelião na unidade
Imigrantes, com quatro mortes, já
foram demitidos 526 funcionários, a maioria por maus-tratos.
A última exoneração foi por facilitação de fuga na unidade de
Parelheiros (zona sul de São Paulo), no dia 20 de dezembro.
Uma sindicância comprovou
que um funcionário recebeu um
Fiat Tipo e R$ 20 mil para entrar
com duas armas na unidade. As
armas foram usadas na fuga de
163 menores (69% dos internos).
O funcionário, cujo nome não
foi divulgado, foi demitido por
justa causa e está sendo investigado em um inquérito policial.
Abreu Filho disse que uma das
maneiras de reduzir o número de
menores em regime interno é aumentar a oferta de defensores públicos para os adolescentes.
A Procuradoria Geral do Estado
e o Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a
Prevenção do Delito e Tratamento de Delinquente) oferecem
atendimento judiciário gratuito.
"Mas ainda é muito pouco. Tem
menor que vai para audiência na
Justiça sem advogado, o que é inconstitucional", disse Edsom Ortega, secretário da Assistência e
do Desenvolvimento Social, pasta
à qual a Febem é subordinada.
Ortega e Abreu Filho se encontraram ontem com a procuradora-geral do Estado, Rosali de Paula Lima, para discutir uma política
para a área. Uma das idéias é pedir apoio da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil).
Mulatos e baianos
O ex-presidente da Febem Benedito Duarte, que participou da
solenidade de posse, confirmou
que a principal falha do sistema é
a defesa judiciária dos menores.
Segundo ele, os adolescentes de
baixa renda são maioria porque
não têm dinheiro para pagar advogado. "Só vi descendentes de
mulatos e de baianos na Febem.
Não vi japoneses ou italianos."
Mas Duarte não disse por que
não resolveu o problema nos oito
meses de sua gestão.
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