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DROGAS
Projeto deverá ser sancionado hoje pelo presidente
Técnicos da Justiça sugerem vetar mais da metade da Lei Antitóxicos
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso deverá sancionar
hoje o projeto da nova Lei Antitóxicos. Caso FHC concorde com o
parecer jurídico elaborado pelos
técnicos do Ministério da Justiça,
serão vetados dois capítulos inteiros e mais 20 artigos, o que representa mais da metade do projeto,
que contém 59 artigos.
A parte do projeto sobre o tratamento diferenciado ao usuário,
considerada um avanço em relação à lei vigente, será preservada.
A legislação atual continuará regulamentando os assuntos referentes aos artigos vetados, que
tratam, entre outros assuntos, das
penas para traficantes.
A Folha apurou que o governo
pretende enviar ao Congresso um
novo projeto com correções aos
artigos vetados.
O parecer recomenda o veto integral aos capítulos 3 e 7, que tratam respectivamente dos crimes e
das penas e da cooperação internacional. Os técnicos concluíram
que não seria suficiente vetar apenas alguns artigos da parte criminal e penal. Já o capítulo 7, da cooperação internacional, pode ser
vetado a pedido do Itamaraty,
que encontrou problemas na redação dos artigos.
Os técnicos entenderam que o
projeto contém expressões inadequadas e contraditórias, o que poderia gerar futuramente recursos
alegando a inconstitucionalidade
de alguns artigos. Apesar disso,
optaram por preservar os seis capítulos restantes, vetando somente alguns artigos.
O governo concluiu que o veto
integral à nova lei seria um desgaste para o presidente, pois desagradaria ao Congresso, que levou
dez anos para aprovar o projeto.
Além disso, o veto poderia desmoralizar o esforço feito até agora
com o objetivo de combater o tráfico de drogas com mais rigor, diferenciando o usuário do dependente químico e do traficante.
Por outro lado, o temor de que a
imagem do governo brasileiro ficasse comprometida no exterior,
por causa da redução da punição
a traficantes, foi essencial para
que fosse decidido o veto de mais
da metade dos artigos do projeto.
O relator do projeto no Senado,
Ricardo Santos (PSDB-ES), disse
que não aceita o veto total. Tanto
ele como o autor do projeto, deputado Elias Murad (PSDB-MG),
disseram que concordam com vetos parciais.
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