São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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TRANSPORTE

Funcionários de duas empresas que operam na zona leste reivindicam o pagamento de salários atrasados

89 ônibus são depredados no 4º dia de greve

DA REPORTAGEM LOCAL

Oitenta e nove ônibus foram depredados na cidade de São Paulo no quarto e mais tenso dia da paralisação de motoristas e cobradores das empresas Expresso Paulistano e Consórcio Trólebus Aricanduva -que operam na zona leste e transportam, juntas, cerca de 157 mil passageiros diariamente. Nos quatro dias, 135 ônibus já foram depredados.
Os funcionários pararam contra o atraso no pagamento de salários e de horas extras, que deveriam ter sido pagos no dia 5, e prometem continuar com a greve.
Cerca de 120 mil pessoas foram prejudicadas pela paralisação, segundo a SPTrans (órgão que gerencia o transporte coletivo), já que no mês de janeiro há uma diminuição no número de passageiros por conta das férias escolares.
A greve começou com a paralisação de 12 empresas na terça-feira. Os 89 ônibus depredados ontem pelos funcionários das duas viações tiveram vidros quebrados e pneus furados. Também foram feitas passeatas pelas ruas da zona leste. Dois terminais de ônibus foram fechados. Pela manhã, o terminal Carrão permaneceu fechado por quase duas horas. Já o terminal São Mateus só foi reaberto depois das 14h40. A PM foi chamada e 30 homens foram deslocados para garantir a segurança nos dois terminais.
Em três dias de paralisação, a SPTrans vem enfrentando dificuldades para implementar o Paese (Plano de Apoio à Empresa em Situação de Emergência) na zona leste, justamente por causa da ação de motoristas e cobradores das duas empresas, que não permitem que os veículos auxiliares circulem. No ano passado, 689 ônibus foram depredados.
O Paese foi acionado com 617 veículos. A SPTrans teve de recorrer até mesmo a cem lotações regularizadas para poder implementar a operação e causar menos prejuízos à população.
Na terça-feira, 12 empresas pararam, por falta de pagamento, na primeira greve do ano. Mas, no mesmo dia, praticamente todas as empresas -excluindo a Expresso Paulistano e o Consórcio Trólebus Aricanduva- efetuaram os pagamentos.
No dia seguinte, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgou a greve não abusiva e determinou o retorno imediato ao trabalho.
Os bens dos proprietários das empresas foram indisponibilizados e foi determinada a suspensão de pagamentos de pró-labores aos sócios e diretores até que a situação fosse normalizada.
Além da determinação judicial, as empresas estão sendo multadas pela SPTrans por descumprimento de viagens. Até ontem, as multas de ambas já acumulam cerca de R$ 136 mil.
A Folha contatou as empresas, mas em nenhuma delas o telefone foi atendido. O Transurb (sindicato patronal) informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
A tarifa de ônibus sobe amanhã, passando de R$ 1,40 para R$ 1,70.


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