São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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RIO

Dona-de-casa afirma que duas das vítimas não eram criminosos; no confronto, dois policiais foram feridos e um morreu

Polícia mata 11 supostos traficantes

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Doze pessoas morreram durante operação policial na manhã de ontem nas favelas do Rebu e da Coréia, em Senador Camará, na zona oeste do Rio. De acordo com a Polícia Civil, entre os mortos estão 11 supostos traficantes e um policial militar. Foi a segunda matança ocorrida no Rio nos primeiros dez dias de governo de Rosinha Matheus (PSB).
No confronto, dois policiais civis foram baleados e estão internados no hospital Souza Aguiar (centro), um em estado grave.
Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, coronel Josias Quintal, a operação foi montada para cumprir mandados de prisão contra quatro supostos traficantes das duas favelas. Entre eles estava Róbson André da Silva, 28, o Robinho Pinga, apontado como o chefe do tráfico na região ligado ao Terceiro Comando. Pinga, de acordo com a polícia, foi baleado, mas conseguiu fugir.
Dois PMs, sendo um deles do Bope (Batalhão de Operações Especiais), foram presos acusados de pertencer à quadrilha de traficantes. Outros cinco supostos criminosos também foram presos.
Quintal afirmou que a "ação da polícia foi legal" e que novas mortes ocorrerão se os criminosos voltarem a desafiar a polícia. "Claro que não queríamos que houvesse mortes, mas isso é esperado quando há enfrentamento."
A operação começou por volta das 8h e contou com a participação de 270 policiais civis de várias delegacias especializadas. Os policiais invadiram uma casa onde a quadrilha estava escondida e foram recebidos a tiros de fuzil e granadas. Houve revide. Seis homens e um policial civil morreram no interior da casa.
Outros três supostos traficantes foram mortos quando tentavam escapar -um deles tentou jogar uma granada nos policiais, mas o artefato explodiu em sua mão, mutilando-o; os demais foram mortos na linha férrea que passa pela favela. Outros dois morreram no hospital.
A dona da casa invadida, Clenir do Amaral Sales, afirmou que os policiais mataram seu genro André Cassiano, 22, e o sobrinho Tiago Ribeiro, 17. Segundo ela, nenhum dos dois tinha envolvimento com o tráfico.
Sales afirmou que os traficantes invadiram sua casa por volta das 5h30 alegando que teriam que se esconder da polícia.
A dona-de-casa disse que ela, a filha e uma amiga, além do genro e do sobrinho, foram trancados pelos criminosos no quarto.
Sales afirmou também que, quando a polícia chegou, os policiais pediram para que todas as mulheres deixassem a casa. O genro e o sobrinho teriam tentado sair junto e acabaram mortos.
O cabo PM Vítor Ricardo Domingues foi baleado no tiroteio e morreu dentro da casa. Já o inspetor Richard Trabaque Oliveira levou um tiro na cabeça e está em estado gravíssimo.
O policial Cristiano Gleic Higino, do Bope, rasgou um mandado de prisão e baleou o inspetor Fernando dos Reis quando este entrou na sua casa para procurar os traficantes. Reis está internado, mas não corre risco de morte.
Higino foi preso com o irmão, o PM Diones Higino. A dupla é suspeita de integrar o grupo de traficantes do Rebu e da Coréia.


Colaborou HENRI CARRIÈRES, da Sucursal do Rio


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