Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Força Nacional não atuará em áreas onde houve ataques no Rio
Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, só no caso de acontecer "um incidente" a Força será transferida para a região metropolitana do Rio
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A tropa da Força Nacional de
Segurança Pública ficará longe
da região metropolitana do Rio,
onde ocorreram ataques criminosos a prédios públicos e ônibus no fim de dezembro. À Folha, o novo secretário estadual
de Segurança, José Mariano
Beltrame, disse que a Força não
sairá das divisas estaduais.
Só haverá Força Nacional no
Rio em caso de "um incidente",
afirmou Beltrame, 49, gaúcho
de Santa Maria, delegado da PF
(Polícia Federal) e morador do
Rio há três anos. Segundo ele, o
governo federal manteve o plano inicial de trazer a tropa para
a região metropolitana a partir
de maio, de modo gradual, especificamente para o policiamento do Pan, em julho.
A seguir, trechos da entrevista concedida:
FOLHA - O sr. defende a redução da
maioridade penal?
JOSÉ MARIANO BELTRAME - O que
tem que ser discutido é a capacidade de discernimento do autor no momento em que praticou. Hoje, com a web, há pessoas de 16 anos com capacidade
diferente de outras de 19 ou 20,
que não têm essa prática dinâmica de troca de informações e
talvez não tenham o discernimento necessário.
FOLHA - Mas o sr. defende o quê?
BELTRAME - Temos que definir
essa situação. O conceito do
discernimento, a capacidade
do discernimento no momento
da ação é, para mim, o grande
divisor.
FOLHA - Mas como contemplar isso
na lei?
BELTRAME - De repente dá para
se fazer alguma espécie de conselho. O regime inglês utiliza
essa prática.
FOLHA - Existe risco de fuga de criminosos do Rio para São Paulo por
causa da repressão?
BELTRAME - Estamos fazendo
ações de contenção em áreas
que consideramos manchas de
criminalidade. Essas ações podem refletir na migração de criminosos, não necessariamente
para São Paulo, pode ser para
outro lugar.
FOLHA - A previsão de retaliação da
criminalidade após a transferência
dos presos para Catanduvas não
aconteceu...
BELTRAME - Não houve nada
porque a polícia estava preparada.
FOLHA - O que a polícia fez para
impedir?
BELTRAME - Nosso serviço de inteligência está funcionando
muito bem. Estamos efetuando
a contenção para evitar qualquer tipo de retaliação.
FOLHA - O sr. tinha a informação de
que haveria retaliação?
BELTRAME - Informações existiam e existem.
FOLHA - O que o sr. chama de contenção? É o aumento de policiamento nessas áreas?
BELTRAME - É. No fim de semana foi muita troca de tiros. Isso
aí foi exatamente em função da
colocação dos policiais. Os elementos saíram para fazer sua
ação criminosa e esbarraram
com a polícia.
FOLHA - Vocês tinham informação
de que poderia haver retaliação, se
posicionaram para impedi-la e obtiveram sucesso, mas o perigo ainda
não terminou?
BELTRAME
- Não.
FOLHA - O que o sr. acha da Força
Nacional de Segurança Pública, chamada por policiais e especialistas de
"força tabajara"?
BELTRAME - É um apelido que
colocaram. Acho a Força muito
interessante. As pessoas não
conhecem a Força, não sabem o
que é. São todos de comando
tático. Todos sabem como invadir uma favela. Isso eles já trazem da sua formação especializada. A Força não tem caráter
de intervenção. Ela completa
uma deficiência temporária.
FOLHA - Já está definida qual será
sua participação no Rio?
BELTRAME - O fator técnico é
que vai dizer quando, onde, como, por que e o período de duração.
FOLHA - Isso ainda não está definido?
BELTRAME - A Secretaria Nacional de Segurança tem cronograma de utilização desse pessoal [para os Jogos Pan-americanos]. Aqui no Rio, se tivermos um incidente que careça
da presença deles, tudo bem.
FOLHA - A Força Nacional vai vir para a região metropolitana do Rio se
for necessário, se houver algum incidente, senão só no Pan, é isso?
BELTRAME - É isso aí. Vai respeitar o cronograma do Pan.
FOLHA - Como vai ser a política salarial da secretaria?
BELTRAME - Estamos conversando nesse sentido. Pretendemos valorizar o policial também de outras formas, pela capacitação, aperfeiçoamento,
cursos.
FOLHA - Tudo bem, mas ele vai
continuar ganhando pouco?
BELTRAME - Vamos buscar essa
melhora. Temos a consciência
disso.
Texto Anterior: Obra fará Congonhas operar até a madrugada Próximo Texto: Mortes Índice
|