São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Força Nacional não atuará em áreas onde houve ataques no Rio

Segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, só no caso de acontecer "um incidente" a Força será transferida para a região metropolitana do Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A tropa da Força Nacional de Segurança Pública ficará longe da região metropolitana do Rio, onde ocorreram ataques criminosos a prédios públicos e ônibus no fim de dezembro. À Folha, o novo secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que a Força não sairá das divisas estaduais. Só haverá Força Nacional no Rio em caso de "um incidente", afirmou Beltrame, 49, gaúcho de Santa Maria, delegado da PF (Polícia Federal) e morador do Rio há três anos. Segundo ele, o governo federal manteve o plano inicial de trazer a tropa para a região metropolitana a partir de maio, de modo gradual, especificamente para o policiamento do Pan, em julho. A seguir, trechos da entrevista concedida:

 

FOLHA - O sr. defende a redução da maioridade penal?
JOSÉ MARIANO BELTRAME
- O que tem que ser discutido é a capacidade de discernimento do autor no momento em que praticou. Hoje, com a web, há pessoas de 16 anos com capacidade diferente de outras de 19 ou 20, que não têm essa prática dinâmica de troca de informações e talvez não tenham o discernimento necessário.

FOLHA - Mas o sr. defende o quê?
BELTRAME
- Temos que definir essa situação. O conceito do discernimento, a capacidade do discernimento no momento da ação é, para mim, o grande divisor.

FOLHA - Mas como contemplar isso na lei?
BELTRAME
- De repente dá para se fazer alguma espécie de conselho. O regime inglês utiliza essa prática.

FOLHA - Existe risco de fuga de criminosos do Rio para São Paulo por causa da repressão?
BELTRAME
- Estamos fazendo ações de contenção em áreas que consideramos manchas de criminalidade. Essas ações podem refletir na migração de criminosos, não necessariamente para São Paulo, pode ser para outro lugar.

FOLHA - A previsão de retaliação da criminalidade após a transferência dos presos para Catanduvas não aconteceu...
BELTRAME
- Não houve nada porque a polícia estava preparada.

FOLHA - O que a polícia fez para impedir?
BELTRAME
- Nosso serviço de inteligência está funcionando muito bem. Estamos efetuando a contenção para evitar qualquer tipo de retaliação.

FOLHA - O sr. tinha a informação de que haveria retaliação?
BELTRAME
- Informações existiam e existem.

FOLHA - O que o sr. chama de contenção? É o aumento de policiamento nessas áreas?
BELTRAME
- É. No fim de semana foi muita troca de tiros. Isso aí foi exatamente em função da colocação dos policiais. Os elementos saíram para fazer sua ação criminosa e esbarraram com a polícia.

FOLHA - Vocês tinham informação de que poderia haver retaliação, se posicionaram para impedi-la e obtiveram sucesso, mas o perigo ainda não terminou?
BELTRAME
- Não.

FOLHA - O que o sr. acha da Força Nacional de Segurança Pública, chamada por policiais e especialistas de "força tabajara"?
BELTRAME
- É um apelido que colocaram. Acho a Força muito interessante. As pessoas não conhecem a Força, não sabem o que é. São todos de comando tático. Todos sabem como invadir uma favela. Isso eles já trazem da sua formação especializada. A Força não tem caráter de intervenção. Ela completa uma deficiência temporária.

FOLHA - Já está definida qual será sua participação no Rio?
BELTRAME
- O fator técnico é que vai dizer quando, onde, como, por que e o período de duração.

FOLHA - Isso ainda não está definido?
BELTRAME
- A Secretaria Nacional de Segurança tem cronograma de utilização desse pessoal [para os Jogos Pan-americanos]. Aqui no Rio, se tivermos um incidente que careça da presença deles, tudo bem.

FOLHA - A Força Nacional vai vir para a região metropolitana do Rio se for necessário, se houver algum incidente, senão só no Pan, é isso?
BELTRAME
- É isso aí. Vai respeitar o cronograma do Pan.

FOLHA - Como vai ser a política salarial da secretaria?
BELTRAME
- Estamos conversando nesse sentido. Pretendemos valorizar o policial também de outras formas, pela capacitação, aperfeiçoamento, cursos.

FOLHA - Tudo bem, mas ele vai continuar ganhando pouco?
BELTRAME
- Vamos buscar essa melhora. Temos a consciência disso.


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