São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Ministério confirma morte por febre amarela

Caso do funcionário do Ministério do Turismo Graco Abubakir, que morreu no DF, é o primeiro confirmado neste ano

Outros três possíveis casos, em Minas, Goiás e São Paulo, foram descartados; ainda há ao menos oito pessoas com suspeita da doença

Jorge Araújo/Folha Imagem
Fila para vacinação contra febre amarela em Caldas Novas (GO); grande procura causou problemas


JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde anunciou ontem que a morte do funcionário do Ministério do Turismo Graco Carvalho Abubakir, 38, em Brasília, na terça, foi causada por febre amarela. É o primeiro caso confirmado da doença neste ano no país.
Outras três suspeitas foram descartadas pelo ministério -de um pecuarista em Minas; de um homem em Goiás; e de uma pessoa, em São Paulo, que havia vindo de Dourados (MS).
Embora a notificação desse último tenha ocorrido em 30 de dezembro, só ontem a pasta divulgou a informação.
Até ontem, segundo o ministério, havia oito pessoas com suspeita no país.
No ano passado, foram seis casos confirmados no Brasil e cinco mortes. Em 2000, foram contabilizados 85 casos e, em 2003, 64. De 2003 até agora, o número de casos anuais não passou de seis.
De acordo com o ministério, todos os registros, desde 1942, são de febre amarela silvestre, contraída nas matas. A pasta acredita que o caso de Abubakir seja, também, da forma silvestre -há ainda a forma urbana, considerada erradicada.
Em Goiás, um exame preliminar feito por um laboratório do governo estadual apontou que o lenhador João Batista Gonçalves, 31, que morreu na sexta, em Goiânia, não contraiu a doença. Gonçalves trabalhava em Uruaçu (273 km de Goiânia), onde adoeceu.
A Secretaria da Saúde goiana não informou que outra doença poderia ter causado a morte. Segundo a médica Elizabeth Araújo, que trabalhou no caso, apesar do resultado, ainda persiste a dúvida e serão feitos outros três exames, cuja confiabilidade é superior à do teste divulgado ontem.
Em Minas, a suspeita de que um homem internado em Belo Horizonte estava com febre amarela foi descartada ontem por exame sorológico, segundo a Secretaria da Saúde de Minas.
O pecuarista de Acrelândia (AC) viajou a BH, onde tem parentes, para se tratar de febre contínua e de icterícia (cor amarelada de pele e mucosas). O hospital Felício Rocho, onde ele está internado, suspeita de dengue ou leptospirose.
Em Barra do Garças (MT), uma moradora internada com suspeita de febre amarela após ter passado férias em Caiapônia (GO) tomou a vacina há sete anos. Análise da amostra de sangue ainda será analisada.
Dúvida
No caso da morte em Brasília, resta saber onde o servidor público contraiu a doença. Os familiares de Abubakir dizem que há "99% de probabilidade" de ele ter sido contagiado no DF, onde morava em região próxima à mata -o Lago Norte, área nobre de Brasília.
Já a secretaria do DF e o ministério apontam o contágio em Pirenópolis (GO), cidade turística onde ele esteve no Ano Novo. Segundo os familiares, Abubakir demonstrava fraqueza já antes de partir.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam, porém, que cansaço não é o primeiro sintoma do vírus. "Febre amarela começa com febre", explica o professor da Faculdade de Medicina da USP Marco Boulos. "Os sintomas se iniciam abruptamente", afirma Pedro Tauil, epidemiologista da UnB.
O professor da USP acredita também que o vírus foi contraído provavelmente em Pirenópolis porque, segundo relato de Abubakir aos médicos do hospital onde foi internado, os primeiros sintomas surgiram no dia 2 -o padrão é que eles apareçam em torno de quatro dias depois da inoculação do vírus.
Na quarta-feira, o ministro José Gomes Temporão disse que o contágio, "com certeza", foi em Pirenópolis. O secretário de Turismo da cidade, Carlos Alberto Rêgo, classificou de "leviana" a atribuição. Ontem, o secretário de Saúde do DF, José Geraldo Maciel, disse que "toda a indicação" aponta contágio em Goiás, mas que é impossível ainda ter certeza.
A Vigilância Ambiental esteve ontem nas redondezas da casa de Abubakir e não encontrou mosquitos -vetor da doença-, o que seria, para a secretaria, mais um indicativo.

Vacinação
A estimativa do governo do DF é que, até ontem, cerca de 600 mil pessoas tenham sido vacinadas, mais que o dobro do esperado -240 mil. A Secretaria de Saúde atribui o número elevado à dupla vacinação da população, que, mesmo estando com a vacina ainda válida, quer "reforçar" a imunização.
A quarta-feira registrou o maior movimento nos postos: cerca de 75 mil pessoas. Em alguns locais chegou a faltar doses. Ontem, foram 60 mil.
O DF recebeu, na quarta, 250 mil novas doses. Hoje, mais 100 mil devem chegar aos postos.


Colaborou a Agência Folha

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