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Ministério confirma morte por febre amarela
Caso do funcionário do Ministério do Turismo Graco Abubakir, que morreu no DF, é o primeiro confirmado neste ano
Outros três possíveis casos, em Minas, Goiás e São Paulo, foram descartados; ainda há ao menos oito pessoas com suspeita da doença
Jorge Araújo/Folha Imagem
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Fila para vacinação contra febre amarela em Caldas Novas (GO); grande procura causou problemas |
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde anunciou ontem que a morte do funcionário do Ministério do Turismo Graco Carvalho Abubakir, 38, em Brasília, na terça, foi
causada por febre amarela. É o
primeiro caso confirmado da
doença neste ano no país.
Outras três suspeitas foram
descartadas pelo ministério
-de um pecuarista em Minas;
de um homem em Goiás; e de
uma pessoa, em São Paulo, que
havia vindo de Dourados (MS).
Embora a notificação desse
último tenha ocorrido em 30 de
dezembro, só ontem a pasta divulgou a informação.
Até ontem, segundo o ministério, havia oito pessoas com
suspeita no país.
No ano passado, foram seis
casos confirmados no Brasil e
cinco mortes. Em 2000, foram
contabilizados 85 casos e, em
2003, 64. De 2003 até agora, o
número de casos anuais não
passou de seis.
De acordo com o ministério,
todos os registros, desde 1942,
são de febre amarela silvestre,
contraída nas matas. A pasta
acredita que o caso de Abubakir
seja, também, da forma silvestre -há ainda a forma urbana,
considerada erradicada.
Em Goiás, um exame preliminar feito por um laboratório
do governo estadual apontou
que o lenhador João Batista
Gonçalves, 31, que morreu na
sexta, em Goiânia, não contraiu
a doença. Gonçalves trabalhava
em Uruaçu (273 km de Goiânia), onde adoeceu.
A Secretaria da Saúde goiana
não informou que outra doença
poderia ter causado a morte.
Segundo a médica Elizabeth
Araújo, que trabalhou no caso,
apesar do resultado, ainda persiste a dúvida e serão feitos outros três exames, cuja confiabilidade é superior à do teste divulgado ontem.
Em Minas, a suspeita de que
um homem internado em Belo
Horizonte estava com febre
amarela foi descartada ontem
por exame sorológico, segundo
a Secretaria da Saúde de Minas.
O pecuarista de Acrelândia
(AC) viajou a BH, onde tem parentes, para se tratar de febre
contínua e de icterícia (cor
amarelada de pele e mucosas).
O hospital Felício Rocho, onde
ele está internado, suspeita de
dengue ou leptospirose.
Em Barra do Garças (MT),
uma moradora internada com
suspeita de febre amarela após
ter passado férias em Caiapônia (GO) tomou a vacina há sete
anos. Análise da amostra de
sangue ainda será analisada.
Dúvida
No caso da morte em Brasília, resta saber onde o servidor
público contraiu a doença. Os
familiares de Abubakir dizem
que há "99% de probabilidade"
de ele ter sido contagiado no
DF, onde morava em região
próxima à mata -o Lago Norte,
área nobre de Brasília.
Já a secretaria do DF e o ministério apontam o contágio
em Pirenópolis (GO), cidade
turística onde ele esteve no
Ano Novo. Segundo os familiares, Abubakir demonstrava fraqueza já antes de partir.
Especialistas ouvidos pela
Folha afirmam, porém, que
cansaço não é o primeiro sintoma do vírus. "Febre amarela
começa com febre", explica o
professor da Faculdade de Medicina da USP Marco Boulos.
"Os sintomas se iniciam abruptamente", afirma Pedro Tauil,
epidemiologista da UnB.
O professor da USP acredita
também que o vírus foi contraído provavelmente em Pirenópolis porque, segundo relato de
Abubakir aos médicos do hospital onde foi internado, os primeiros sintomas surgiram no
dia 2 -o padrão é que eles apareçam em torno de quatro dias
depois da inoculação do vírus.
Na quarta-feira, o ministro
José Gomes Temporão disse
que o contágio, "com certeza",
foi em Pirenópolis. O secretário de Turismo da cidade, Carlos Alberto Rêgo, classificou de
"leviana" a atribuição. Ontem,
o secretário de Saúde do DF,
José Geraldo Maciel, disse que
"toda a indicação" aponta contágio em Goiás, mas que é impossível ainda ter certeza.
A Vigilância Ambiental esteve ontem nas redondezas da
casa de Abubakir e não encontrou mosquitos -vetor da
doença-, o que seria, para a secretaria, mais um indicativo.
Vacinação
A estimativa do governo do
DF é que, até ontem, cerca de
600 mil pessoas tenham sido
vacinadas, mais que o dobro do
esperado -240 mil. A Secretaria de Saúde atribui o número
elevado à dupla vacinação da
população, que, mesmo estando com a vacina ainda válida,
quer "reforçar" a imunização.
A quarta-feira registrou o
maior movimento nos postos:
cerca de 75 mil pessoas. Em alguns locais chegou a faltar doses. Ontem, foram 60 mil.
O DF recebeu, na quarta, 250
mil novas doses. Hoje, mais 100
mil devem chegar aos postos.
Colaborou a Agência Folha
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