São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Diploma nem sempre é aceito no Brasil

Estudante passa por banca e pode ter de fazer provas para conseguir validação brasileira de curso feito no exterior

"Nacionalizar" o diploma é imprescindível para exercer profissões que exigem registro, como engenharia (Crea) ou medicina (CRM)

DA REPORTAGEM LOCAL

A criação do conselho de universidades americanas para atrair estudantes estrangeiros repercute na imprensa europeia e asiática como grande oportunidade, mas os estudantes brasileiros precisam ficar atentos às desvantagens que a experiência pode representar.
Não existe garantia de que o diploma de graduação obtido em instituição estrangeira será aceito no Brasil. Para conseguir validá-lo aqui, é preciso procurar uma universidade pública nacional, na qual uma banca analisará se a grade curricular do curso é compatível com a que ela oferece.
Esse grupo de professores que analisa o diploma estrangeiro tem autonomia para pedir que o aluno faça provas para atestar o aprendizado -e também para negar a validação.
"Nacionalizar" o diploma é imprescindível para exercer profissões que exigem registro, como engenharia (Crea) ou medicina (CRM).
É importante que o estudante consulte a embaixada do país no Brasil e universidades públicas brasileiras antes de se decidir sobre o curso.
Para ter uma boa experiência, é também preciso pesquisar sobre as características do país. "Em alguns lugares dos EUA e do Canadá, por exemplo, o inverno é rigoroso e escurece muito cedo, o que pode aumentar a sensação de solidão. Além de se preocupar com o nível do ensino, o estudante deve buscar informações sobre como será sua vida na cidade", diz Patrícia Lumy, gerente de ensino superior internacional no STB.

Turma
A integração com colegas locais pode não ser plena. Em universidades com mais estrangeiros, costuma ser mais fácil fazer amigos que também chegaram sozinhos até ali.
O nadador Cesar Cielo, 21, ouro nas Olimpíadas de Pequim, estuda comércio exterior no Alabama e diz conviver bem com americanos e outros estrangeiros.
Ele ganhou bolsa de estudos na Universidade de Auburn por ser atleta, mas, para ingressar, teve de conquistar notas altas nos exames SAT (prova de conhecimentos verbais e matemáticos) e Toefl (de proficiência na língua inglesa).
"A universidade aqui tem estrutura de pós no Brasil: você escolhe as aulas e a velocidade em que quer se formar. Os trabalhos são muito pesados, sempre temos de fazer uma apresentação para a sala e, no meu caso, ainda concilio isso com os treinos", diz ele, para quem o curso o ajuda a administrar a carreira de esportista.
"Os professores gostam de ter estrangeiros na sala de aula e sempre pedem exemplos em nossos países sobre o que estão ensinando. Estar ali é bom tanto para nós quanto para os americanos", diz.

Dólares
A oportunidade que se abre para os estudantes tem contrapartidas para a faculdade além da experiência internacional que oferece aos alunos: visa também aumentar a arrecadação anual.
Nos EUA, municipais e estaduais cobram anuidade em dobro (ou triplo) de quem vem de outro Estado, o que se aplica também a estrangeiros.
O problema é que estudantes americanos só costumam atravessar a fronteira estadual -e, assim, desembolsar mais- quando aceitos em instituições famosas, como a Universidade Stanford (Califórnia).
"As públicas americanas têm grande perfil empresarial, de preocupação com receita. Isso não quer dizer que elas não sejam boas. É preciso pesquisar e tomar cuidado na escolha, mas essa pode ser uma boa oportunidade para ter uma formação diferenciada, especialmente nas áreas de gestão, tecnologia e saúde", diz Carlos Monteiro, consultor em ensino superior.
Uma das vantagens de fazer faculdade nos EUA é que, diferentemente do que acontece na Inglaterra, por exemplo, não é preciso estudar um ano complementar ao ensino médio, já que os americanos também estudam 11 anos antes de ingressar no nível superior.
Na Inglaterra, contudo, é comum que o estrangeiro seja dispensado do período complementar se cursou um ano de faculdade no país ou se concluiu curso técnico com quatro anos de duração. (DB)


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