LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém

Com 161.445,9 quilômetros quadrados, Altamira, o maior município do Brasil em extensão territorial, localizado no Pará, quer ingressar no Guinness Book, o livro dos recordes.
De olho na publicidade que esta fama pode render, a prefeitura está preparando a documentação para tentar conseguir o título de maior município do mundo e entrar para o Guinness.
A dificuldade para isso será convencer os editores do livro sobre o conceito brasileiro de município.
Isso porque em cada país do mundo as unidades administrativas onde se inserem as cidades variam de denominação e também de conceito. Existem cantões, como na Suíça, condados, províncias, entre outras formas.
Para o secretário de Agricultura, Turismo e Meio Ambiente de Altamira, Miguel Zaupa, entrar para o Guinness pode ser interessante para o município, já que as pessoas devem começar a ouvir falar mais da cidade.
Com uma população de apenas 83.665 habitantes, o município tem a maior parte do seu território inexplorada. "Altamira tem o desenho de um garrafão, na boca da garrafa fica sua sede, onde se encontra a maioria da população", disse Zaupa.
Segundo estimativa do IBGE, cerca de 70% dos habitantes vivem na área urbana, no extremo-norte do seu território.
A cidade é maior do que 11 Estados brasileiros e maior do que países europeus, como Dinamarca, Holanda, Bélgica, Irlanda, Hungria, República Checa e Portugal, entre outros.
Para o padre Savio Corinaldes, do Centro Pastoral da Pré-bacia do Xingu, a população pobre e carente é quem mais sofre com as dificuldades de distância e falta de assistência.
"As pessoas ficam às vezes dias sem conseguir chegar a um posto médico. Para chegar até eles, só de barco ou a pé."
Para tentar amenizar o problema, a prefeitura ganhou uma "ambulancha" (uma lancha que serve de ambulância) do governo estadual, mas que tem pouca utilidade nos meses de seca na Amazônia, quando o nível dos rios diminui sensivelmente.

Subsedes

Altamira tem duas subsedes. Uma, chamada Floresta do Xingu, a 100 quilômetros da sede.
Outra, a Castelo dos Sonhos, a 1.100 quilômetros ao sul. Para chegar ao local gasta-se oito dias em uma viagem de carro ou mais de duas horas de avião.
No seu extenso território existem quatro reservas indígenas com nove aldeias e mais de 1.300 índios, além de duas reservas ecológicas recém-criadas, mas que ainda não foram demarcadas.
Nessa área, pouco controlada, a Polícia Federal tem notícias de pistas de pouso clandestinas usadas por traficantes de drogas e madeireiros.
Segundo o superintendente-adjunto da PF no Pará, José Ferreira Sales, a falta de infra-estrutura e dinheiro impossibilita uma ação mais efetiva para descobri-las.



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