São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2001

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SP terá mais estrangeiros na pista do que na platéia

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Carnaval paulista de 2001 vai ganhar mais turistas na avenida do que na arquibancada do Anhembi. Pelo menos 8 das 14 escolas de samba do Grupo Especial levarão 500 componentes estrangeiros para desfilar, entre argentinos, uruguaios, colombianos, japoneses, alemães, franceses, italianos, espanhóis e norte-americanos. Essa experiência é inédita em quatro agremiações.
"Ainda não dá uma escola de samba inteira, mas já é bom sinal de que estamos atraindo gente de fora", afirma Renê Rodrigues, assessor de comunicação da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.
Enquanto as escolas conquistam os "gringos" para desfilar, a organização do Carnaval não tem esse mesmo sucesso em sua estratégia de levá-los para arquibancadas, cadeiras e camarotes.
No ano passado, a Liga fez uma parceria com a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagem) para reservar, pela primeira vez, um setor do Sambódromo aos turistas.
A idéia era comercializar bilhetes nas agências de turismo. Recepcionistas trilíngues foram contratados. O Anhembi ganhou sinalização visual em inglês e espanhol. "Não deu muito certo. Faltou divulgação. Ainda é uma coisa nova por aqui", diz Rodrigues.
Neste ano, as vendas para o setor 7, reservado aos turistas, também não animaram.
"Só vendemos quatro mesas (16 pessoas). Mesmo assim, para um pessoal de Campinas", afirma Elaine de Freitas Fávaro, operadora de eventos da agência de turismo Maringá, contratada para comercializar os bilhetes.
A alternativa da organização foi vender ingressos do setor para qualquer interessado. Já saíram 25% dos bilhetes, enquanto a média do Sambódromo é de 65%.
Entre as escolas que terão estrangeiros, Rosas de Ouro, Vai-Vai, Mocidade Alegre e Pérola Negra devem colocá-los em uma só ala. Na Rosas, a ala "Confraternidad" foi criada exclusivamente para os parceiros do Mercosul.
Além da propaganda de amigos, a maioria das agremiações conquistou os "gringos" por causa de apresentações feitas no exterior e homenagens prestadas a países em carnavais anteriores.
A Vai-Vai terá cerca de 50 japoneses, que se interessaram pela festa depois que a escola falou sobre o Japão, em 1998. A Pérola Negra trará 30 italianos de Veneza, organizados por uma empresa daquele país. Pela primeira vez, a Mocidade Alegre terá 60 japoneses, agenciados por um jornal do bairro da Liberdade (centro).
A X-9 Paulistana contará com mais de cem uruguaios e argentinos, conquistados depois do Carnaval de 1999, quando seu tema foi Mercosul. "O pessoal é meio desajeitado. Por isso, vamos dividi-los, para não atrapalhar o desfile", afirma Laurentino Borges, presidente da X-9.
Na Acadêmicos do Tucuruvi sairão 12 norte-americanos, vindos de Miami. A Águia de Ouro atraiu 20 japoneses e alemães em seus ensaios. Na Leandro de Itaquera, mais de cem franceses e alemães estarão entre os convidados de Francisco Ritta Bernardino, do hotel Ariaú Amazon Towers, na Amazônia, que está sendo homenageado.
A Nenê de Vila Matilde é uma das poucas escolas que rejeitam os "gringos". "Seria uma falta de respeito permitir essa infiltração. Somos só comunidade", afirma o carnavalesco Augusto Oliveira.


Colaborou Sérgio Duran, da Reportagem Local


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