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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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Negociação envolveu poucos contatos

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de dez telefonemas rápidos em cinco meses, apenas uma prova de vida do refém, rastreamento das ligações prejudicado e nenhum acordo. Os sequestradores pediam US$ 800 mil, e a família de João Bertin oferecia US$ 519 mil. Assim estava a negociação até quarta-feira passada, quando ocorreu a última ligação.
O bilhete deixado pelos sequestradores no dia 8 de setembro do ano passado mostrava que a negociação não seria fácil.
Queriam US$ 3 milhões em 30 dias, ou US$ 5 milhões depois disso. O bilhete informava também que o primeiro contato seria feito só depois de 30 dias. Do contrário, seria um trote.
Foram só cinco telefonemas até o final de 2002. E o rastreamento das ligações não avançava. O negociador da quadrilha usava celular pré-pago, registrado com documentos falsos, e fazia as ligações sempre em movimento, variando bairros das regiões sul e leste da capital paulista.
"Os sequestradores só falavam que era para levantar o dinheiro e desligavam", disse o delegado Marcos Mourão, da Delegacia Seccional de Lins.
A primeira e única prova de vida do fazendeiro, segundo o delegado, veio só no dia 23 de outubro. Um pacote foi entregue à família de Bertin com uma fita cassete e uma fita de vídeo.
Na fita cassete, o fazendeiro pede que os filhos paguem o resgate para ele poder voltar para casa. No vídeo, Bertin não fala. Aparece apenas a sua imagem com a edição de um jornal do dia.
No começo do ano, a família cobrou nova prova de vida, o que não ocorreu. "Essa negativa aumentou a tensão", disse Mourão.
A estratégia da polícia era identificar os integrantes da quadrilha e fazer com que a família negociasse o menor valor de resgate possível. Essa negociação começou a evoluir a partir do dia 7 de janeiro. Pela primeira vez, os sequestradores aceitaram baixar o resgate: US$ 2 milhões e depois US$ 800 mil. A família insistiu que só tinha US$ 519 mil e que o dinheiro já estava disponível. Se o líder da quadrilha, Pedro Ciechanovicz, não tivesse sido preso, ordenando a libertação de Bertin, a polícia acredita que o acordo estaria próximo.


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