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Negociação envolveu poucos contatos
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de dez telefonemas rápidos em cinco meses, apenas uma
prova de vida do refém, rastreamento das ligações prejudicado e
nenhum acordo. Os sequestradores pediam US$ 800 mil, e a família de João Bertin oferecia US$ 519
mil. Assim estava a negociação até
quarta-feira passada, quando
ocorreu a última ligação.
O bilhete deixado pelos sequestradores no dia 8 de setembro do
ano passado mostrava que a negociação não seria fácil.
Queriam US$ 3 milhões em 30
dias, ou US$ 5 milhões depois disso. O bilhete informava também
que o primeiro contato seria feito
só depois de 30 dias. Do contrário,
seria um trote.
Foram só cinco telefonemas até
o final de 2002. E o rastreamento
das ligações não avançava. O negociador da quadrilha usava celular pré-pago, registrado com documentos falsos, e fazia as ligações sempre em movimento, variando bairros das regiões sul e
leste da capital paulista.
"Os sequestradores só falavam
que era para levantar o dinheiro e
desligavam", disse o delegado
Marcos Mourão, da Delegacia
Seccional de Lins.
A primeira e única prova de vida do fazendeiro, segundo o delegado, veio só no dia 23 de outubro. Um pacote foi entregue à família de Bertin com uma fita cassete e uma fita de vídeo.
Na fita cassete, o fazendeiro pede que os filhos paguem o resgate
para ele poder voltar para casa.
No vídeo, Bertin não fala. Aparece
apenas a sua imagem com a edição de um jornal do dia.
No começo do ano, a família cobrou nova prova de vida, o que
não ocorreu. "Essa negativa aumentou a tensão", disse Mourão.
A estratégia da polícia era identificar os integrantes da quadrilha
e fazer com que a família negociasse o menor valor de resgate
possível. Essa negociação começou a evoluir a partir do dia 7 de
janeiro. Pela primeira vez, os sequestradores aceitaram baixar o
resgate: US$ 2 milhões e depois
US$ 800 mil. A família insistiu que
só tinha US$ 519 mil e que o dinheiro já estava disponível. Se o líder da quadrilha, Pedro Ciechanovicz, não tivesse sido preso, ordenando a libertação de Bertin, a
polícia acredita que o acordo estaria próximo.
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