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Para diretores, sobra indisciplina nas escolas
Pesquisa mostra que 64% dos dirigentes das escolas estaduais e 47% das particulares reclamam do comportamento dos alunos
Estudo mostra também que a falta de recursos é preocupação tanto dos diretores das escolas públicas como das privadas
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Falta dinheiro nas escolas e
sobra indisciplina por parte dos
alunos. A reclamação é comum
entre diretores de escolas tanto
da rede pública (estadual e municipal) como da particular.
A conclusão faz parte de estudo realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira), órgão do Ministério
da Educação, com base em
questionários respondidos por
diretores de todo o Brasil no
Saeb, principal exame de avaliação da qualidade do ensino.
De autoria da pesquisadora
Roberta Biondi, o estudo mostra que a queixa mais comum
entre diretores é a insuficiência
de recursos financeiros.
Na rede estadual, 81% afirmaram ter passado por esse
problema, enquanto nas redes
municipais e privada os percentuais foram, respectivamente, de 67% e 60%.
A indisciplina por parte dos
alunos é apontada como problema por 64% dos diretores
das estaduais e 54% das municipais. Nas particulares, a reclamação é de 47% deles.
No caso da rede pública, os
diretores se queixam também
da falta de recursos pedagógicos (67% nas estaduais e 56%
nas municipais) -problema
que é pouco citado na rede privada (apenas 19%).
Além disso, os diretores das
escolas públicas têm que lidar
com falta de alunos, de professores e com interrupção de atividades, em índices muito
maiores aos verificados por
seus colegas na rede privada.
A comparação feita pelo Inep
com anos anteriores mostra
que, com poucas variações, esses problemas são citados por
diretores de escolas públicas
desde 1995, quando já eram verificados com maior freqüência
nas redes estaduais e municipais do que no setor privado.
Faltas
A última avaliação, feita com
base no Saeb de 2005, mostra
que mais de um terço (35%) de
diretores de escolas estaduais e
28% nas municipais, reclamaram, naquele ano, do alto índice
de faltas por parte dos alunos.
Na rede privada, foram apenas
4%. O mesmo acontece com as
faltas por parte dos professores, ou da excessiva interrupção das atividades escolares.
A reclamação pela falta de recursos e a preocupação com a
indisciplina dos alunos são
uma realidade constatada por
diretores de Estados tão distantes, social e geograficamente, quanto São Paulo e Maranhão.
"Mesmo em São Paulo, que é
o Estado mais rico da Federação, as escolas carecem de recursos financeiros. Além disso,
há pouca liberdade no manejamento das verbas. Elas já vêm
todas carimbadas para determinados fins", afirma Luiz
Gonzaga de Oliveira Pinto, presidente da Udemo (sindicato
que representa diretores de escolas de São Paulo).
"Imagino que, em outros Estados, a situação seja ainda
pior", afirma Oliveira Pinto.
Luciene Barros, presidente
da Associação dos Diretores
das Escolas Estaduais do Maranhão, confirma: "O pouco dinheiro que chega às nossas escolas acaba sendo utilizado
quase que exclusivamente para
reparar danos ao patrimônio".
Segundo ela, é por isso que os
diretores reclamam tanto também da carência de recursos
pedagógicos. "Quando chega o
dinheiro, temos que priorizar a
limpeza ou conservação do prédio em detrimento da aquisição
de novos materiais a serem utilizados em sala de aula", diz.
Dificuldades
A presidente da Undime
(União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação),
Cleuza Repulho, reconhece que
a maioria dos municípios têm
dificuldade para melhorar a
gestão financeira das escolas.
"Muitas redes estão em processo de descentralização dos
recursos, mas não é simples. Eu
mesma só comecei isso em
Santo André [onde é secretária
da Educação] há três anos."
"A gente tem acelerado esse
processo anualmente, até para
que os diretores se acostumem
a lidar com esses recursos e estejam preparados para seguir
todas as regras da administração pública, mas é um trâmite
legal complexo", diz ela.
Em muitos municípios, disse
ela, nem mesmo os secretários
da Educação são gestores plenos dos seus recursos e dependem da liberação de verbas de
outras secretarias.
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