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"Se fazem isso com gente, imagina com animais", diz calouro
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
"Se eles [veteranos do curso
de veterinária] fazem isso com
gente, imagina o que não fazem
com os animais." Foi assim que
o calouro Bruno César Ferreira, 21, resumiu a frustração e a
revolta com as agressões e humilhações sofridas anteontem.
Balconista de uma loja, onde
vende medicamentos e rações
para animais, ele já decidiu que
não quer mais estudar na faculdade em Leme. Tentará transferir o curso para outra cidade.
"Lá, eu não volto nunca mais."
Ferreira contou que o trote
violento começou por volta das
8h. "Alguns veteranos pediram
que eu tirasse o boné e a camiseta. Na hora, pensei que sofreria um trote normal, só com
tinta no cabelo. Mas não foi isso
o que aconteceu. Eles me fizeram rolar em uma lona com excrementos, fezes e aves em decomposição", afirmou.
O estudante contou que, enquanto rolava na lona, era obrigado a ingerir pinga e até uma
bebida "muito mais forte do
que pinga". "Acho até que era
álcool puro. Eles disseram que,
se alguém se negasse a rolar na
lona, levaria chicotadas", disse.
O estudante contou ainda
que havia cerca de 30 calouros
e ao menos 40 veteranos.
"Depois disso, nos levaram a
um bar e acho que tentei resistir a isso. Então, eles me amarraram em um poste e me agrediram bastante com chicotadas. Amarraram uma corda no
meu pescoço. Estou com hematomas por todo o corpo."
Já alcoolizado, Ferreira disse
que foi agredido até com pontapés. "Tenho um hematoma na
costela, de um pontapé que levei de um veterano. Puseram-me na cadeira em um poste e
um veterano passou e chutou
os pés da cadeira. Então caí no
chão e bati a cabeça na calçada."
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