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VIOLÊNCIA
Segundo promotor, até agora os depoimentos reforçam a hipótese
Desentendimento é a tese mais provável para morte de jovens
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O promotor Alexandre Marcos
Pereira disse ontem que os depoimentos prestados até o momento,
sobre o assassinato dos três jovens
na Baixada Santista no último dia
17, reforçam a hipótese de que o
motivo do crime tenha sido o desentendimento entre uma ou duas
das vítimas com um homem após
um baile de Carnaval.
Paulo Roberto da Silva, 21, Anderson Pereira dos Santos, 14, e
Thiago Passos Ferreira, 17, foram
abordados por uma Blazer da Cavalaria da PM na Quarta-Feira de
Cinzas, em São Vicente. Os corpos
dos garotos foram encontrados há
uma semana em um trecho de mata na Praia Grande.
"A hipótese mais provável, até o
momento, é que os garotos tenham importunado o rapaz, talvez
roubando-lhe o relógio, na saída
do baile no Ilha Porchat Clube",
disse o promotor Pereira.
"O rapaz teria comunicado o fato
ao primeiro carro de polícia que
encontrou (que seria a Blazer da
cavalaria). Ele teria entrado no carro para localizar os jovens e depois
dispensado", afirmou o promotor.
No momento da localização, os
rapazes foram espancados e colocados na Blazer da PM. "Além de
terem sido truculentos, os PMs foram injustos, pois tudo indica que
um ou dois, e não os três jovens, teriam participado da agressão na
saída do baile. Um ou dois jovens
morreram de graça, como queima
de arquivo", afirmou Pereira.
De acordo com ele, essa hipótese
foi reforçada ontem por detalhes
fornecidos por uma testemunha
ouvida na parte da manhã.
Manifestação
Cerca de 40 pessoas, entre familiares e parentes dos jovens mortos, fizeram uma manifestação ontem em frente à Corregedoria da
PM, no bairro da Luz, centro de
São Paulo. Eles vieram de Santos
em dois ônibus para cobrar agilidade na investigação.
Os pais dos garotos mortos Anderson e Paulo Roberto foram recebidos pelo corregedor da PM,
coronel Luiz Carlos Guimarães.
"Nós queremos rapidez na investigação. Esses policiais agiram como
donos do mundo, como Deus que
pode tirar a vida das pessoas", disse Narciso dos Santos, pai de Anderson. "Jamais vou deixar os dois
filhos que me restam pular Carnaval. Vou mantê-los presos para
não serem mortos", afirmou Vanda Pereira dos Santos, mãe de Anderson.
Os pais dos garotos mortos estavam vestindo camisetas do Movimento Paz e Justiça Ives Ota, que
leva o nome do garoto sequestrado
e assassinado por três homens, entre eles dois PMs, em 97.
O coronel Guimarães disse ter
reiterado aos pais das vítimas o seu
compromisso "como profissional
e pai" de que o caso seja elucidado.
"Faltam os detalhes."
Jaime Camilo Marques, advogado do tenente Alessandro Rodrigues de Oliveira, criticou a divulgação pelo Comando da PM das
fotos dos cinco PMs suspeitos, entre eles seu cliente. "Essa imagens
podem induzir os reconhecimentos que ainda possam ocorrer",
disse o advogado.
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