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SAÚDE
Especialistas lançam em SP conjunto, com livro e espelho, que tira dúvidas sobre o primeiro período menstrual
Kit esclarece dúvidas sobre menstruação
Otavio Dias de Oliveira/Folha Imagem
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Meninas com o kit que traz informações sobre a primeira menstruação
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AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Um kit lançado nesta semana em
São Paulo convida as meninas a celebrar sua primeira menstruação
como um ritual feliz de passagem.
A maneira como vivem esse momento, as informações que recebem e a convivência com seus corpos vão determinar a qualidade de
suas vidas sexual e reprodutiva.
Para muitas das meninas -assim como aconteceu com suas
mães-, a primeira menstruação
ainda é algo assustador, sujo e vergonhoso. As sequelas dessa desinformação -além de insatisfação
na vida sexual- é o grande número de gravidez e DSTs (Doenças
Sexualmente Transmissíveis) entre as meninas. Segundo dados do
Ministério da Saúde, cerca de 35
mil partos em meninas entre 10 e
14 anos foram registrados pelo
SUS no ano passado.
O kit traz dois pequenos livros
nos quais a menina pode fazer suas
anotações, um envelope para guardar seus exames médicos, um absorvente e um espelho para que
possa olhar seu próprio corpo. "É
uma proposta inédita no Brasil
que tomou dois anos de trabalho",
diz Maria Luisa Eluf, psicóloga social e diretora do Cevam, ONG que
se dedica à educação e materiais
educativos em saúde reprodutiva.
"É conhecendo e valorizando seu
corpo que a menina vai vê-lo como
matriz da sexualidade e se preocupará com sua saúde, prevenindo
doenças e a gravidez indesejada",
diz a socióloga Rosana Gregori,
uma das colaboradoras do kit e integrante do Ecos, um centro de estudos sobre reprodução humana.
"O kit é um convite agradável, escrito na linguagem das meninas."
As meninas que viram, gostaram. "Antes eu tinha muito medo", disse Juliana de Andrade Salvador, 12, que está à espera da primeira menstruação. Seguindo
conselho médico e da mãe, ela passou a carregar na bolsa absorvente
e calça de reserva. "Se acontecer no
meio de uma festinha, não vou
perdê-la", disse.
Nadja de Figueiredo Araujo,
12,teve sua primeira menstruação
quando participava como "consultora" do kit. "Fiquei meio perdida
com as datas dos ciclos e aí me veio
a idéia das tabelinhas que estão no
kit", disse.
A antropóloga social especializada em sexualidade Regina Mac
Dowell Fiqueiredo, que também
participou da equipe e trabalha
com mulheres da periferia, diz que
"as meninas sabem que a menstruação virá, mas não percebem as
mudanças que isso significa. "Ela
não sabe, por exemplo, que seu
corpo passa a lançar sinais".
Para a família, especialmente a
mãe, a chegada da menstruação
indica que a menina deverá viver
em maior reclusão, pois estará
mais exposta. "Para os meninos
adolescentes, a instrução é oposta:
que saiam à caça", diz Regina. O
próximo kit será dedicado a eles.
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