São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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URBANISMO
Contru vê problemas na estrutura do telhado e diz que há risco de desabamento; padre promete rezar missa na rua
Santuário do padre Marcelo é interditado

KARINA KLINGER
da "Folha da Tarde"

O Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis) interditou ontem o Santuário do Terço Bizantino, em Interlagos (zona sul), por problemas de segurança. No local são realizadas, desde maio do ano passado, as missas do padre carismático Marcelo Rossi, que reúnem, em média, 60 mil pessoas por dia.
As missas, que acontecem às quintas, sábados e domingos, estão suspensas por tempo indeterminado. Ontem, o padre Marcelo Rossi confirmou a missa da manhã que acontece hoje. Ela será celebrada na rua.
De acordo com o diretor do Contru, Carlos Alberto Venturelli, um dos maiores problemas do galpão é a estrutura do telhado. "As telhas são muito leves, com um vento mais forte, o telhado corre o risco de desabar", diz o diretor.
Além disso, o galpão ainda apresenta ligações elétricas precárias, falhas na iluminação de emergência, mangueiras podres e falta de alarme contra incêndio e de saídas de emergência.
Durante a vistoria, os técnicos constataram que as ligações elétricas irregulares poderiam causar um incêndio.
O diretor do Contru ainda chama atenção para os tijolos das entrada do galpão. Com um pequeno toque eles podem cair na cabeça de alguém facilmente.
As cadeiras soltas, que ficam espalhadas pelo Santuário durante as missas, também representam risco para os fiéis. "Durante algum tumulto, a locomoção fica difícil", disse Venturelli.
O Santuário está sendo usado há quase um ano sem o alvará de funcionando.

Outro lado
O arquiteto responsável pelas obras no Santuário do Terço Bizantino, José Neves, afirma que a Diocese de Santo Amaro já estava ciente dos problemas da obra desde o início.
"Como técnicos não temos força para impedir a realização das missas", disse Neves.
"Foi um acúmulo de coisas. Por enquanto, ainda estamos fazendo obras para diminuir o som das missas", completa o advogado da diocese, Diogo Rodrigues Filho. Contrariando a declaração de Neves, o advogado diz que a diocese desconhecia os riscos da construção.
O advogado afirma ainda que o contrato de locação do imóvel é provisório e não se poderia fazer tantos investimentos no local. "Não sou juiz para julgar ninguém, vejo que a prefeitura está querendo até colaborar. Agora eu me questiono com o tempo e o modo que foi feito, hoje (quarta-feira), sendo que eu tenho uma grande missa amanhã de manhã", disse o padre Marcelo.


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