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CAOS NO RIO
Nova proposta a ser apresentada à governadora Rosinha Matheus prevê uma administração "colegiada"
Governo federal agora estuda "plano B"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal estuda um
"plano B" contra a onda de violência no Rio, após o fracasso da
tentativa de intervenção branca
na SSP (Secretaria da Segurança
Pública) estadual. Em vez de assumir a política de segurança, a
União vai sugerir nesta semana à
governadora Rosinha Matheus
(PSB) a criação de uma rede para
uma administração "colegiada".
A Folha apurou que o governo
federal avaliou ter errado ao apresentar o plano intervencionista.
Teria subestimado a vontade política de Rosinha de manter a segurança sob controle estadual.
O governo federal quer criar um
grupo formado por Tribunal de
Justiça, Ministério Público, polícias Civil e Militar, SSP, Exército,
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e União. Esse grupo
analisaria casos específicos e assinaria "contratos de adesão" com
duração inicial de um ano.
Num desses contratos, o grupo
eliminaria a hierarquia das delegacias. Hoje, há delegacias de primeira, segunda e terceira classe.
Delegados de primeira não trabalham nas demais, o que acarreta
um número menor de delegacias
abertas nos finais de semana no
interior do Estado.
Outra proposta prevê que os
novos pedidos de perícia de assassinatos sejam analisados pelos peritos antes dos antigos. Há 120 mil
pedidos à espera de apreciação.
O governo federal deverá também insistir na tentativa de federalizar a administração do presídio de segurança máxima Bangu
1. A intenção do governo é fazer
contratações emergenciais de
agentes penitenciários, com salário em torno de R$ 1.500.
A chance de a União aceitar a
proposta de Rosinha de federalizar Bangu 3 é tida como remota.
A União deve construir um presídio de segurança máxima no
Distrito Federal e, depois, mais
um em cada um dos seguintes Estados: Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul.
Críticas
O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, e o prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), se uniram ontem para atacar as propostas do governo federal para combater a violência no
Estado.
Quintal afirmou que as propostas foram ""inconsistentes" e "arbitrárias". "Houve boa vontade
do ministro da Justiça, mas as
propostas foram totalmente fora
da realidade."
Maia, se referindo à proposta de
federalização da segurança no
Rio, afirmou que o governo federal fez "jogo de cena ao deixar vazar [para a mídia] e fazer publicidade de uma proposta inexequível que o governo fluminense não
iria aceitar".
Em resposta às críticas, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, disse que o prefeito "deveria se informar melhor". "Ele não
ouviu a governadora [Rosinha
Matheus] dizer que estava se sentindo confortável com a atitude
do governo", disse o ministro.
Bastos defendeu a decisão federal de tirar o Exército das ruas do
Rio. "O Exército não é para ficar
na rua e fazer papel de polícia."
O ministro também descartou a
possibilidade de o traficante Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, voltar para o Rio
quando sair do presídio de Presidente Bernardes (SP). "Mesmo
que ele não fique por mais de trinta dias em São Paulo, para o Rio
ele não volta."
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