|
Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Déficit é de 24% dos funcionários na rede municipal; secretaria afirma que problema será resolvido ainda neste mês
Escola pública sofre com falta de servidores
FÁBIO TAKAHASHI
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
As escolas municipais de São
Paulo estão com um déficit de
2.300 funcionários, o que representa 24% do número considerado ideal (9.700). O levantamento
foi feito pela própria gestão do
prefeito José Serra (PSDB), ao
qual a Folha teve acesso.
Esses funcionários, chamados
de agentes escolares, são responsáveis principalmente pela merenda e pela limpeza dos colégios.
A carência faz com que as funções sejam distribuídas entre o
quadro ativo, o que causa uma sobrecarga. Também há prejuízo
aos alunos. Foi o que ocorreu na
Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Joaquim Antônio
da Rocha, no Ipiranga (zona sul
de São Paulo), no mês passado.
Duas das seis vagas de agente na
escola estão abertas. Por isso,
quando a funcionária da cozinha
teve um problema e não compareceu, cerca de cem crianças, de
três a seis anos, tiveram de ser dispensadas. "Não havia ninguém
que pudesse fazer comida, e não
podíamos deixar as crianças com
fome", contou uma funcionária
que não quis ser identificada.
"No dia-a-dia, a escola precisa
ser varrida três vezes. Passamos a
varrer só uma. Os banheiros tinham de ser limpos três vezes,
passaram a ser limpos uma só",
relatou a funcionária.
Em outra escola municipal, no
Cambuci (zona sul), das seis vagas necessárias para agente, apenas duas estão preenchidas. A assistente da direção (segundo
maior cargo da escola) conta que
já teve de limpar banheiro. "O que
vamos fazer? Não podemos deixar os banheiros sujos. O problema é que isso prejudica as nossas
funções normais", relata.
Uma escola municipal na zona
leste chega a substituir o prato
quente por sanduíche por falta de
funcionários.
"Essa é uma deficiência crônica", diz o presidente da Aprofem
(sindicatos dos professores e funcionários), Ismael Palhares Jr.
Devido ao déficit, o presidente
do Sinpeem (sindicato dos profissionais em educação), Claudio
Fonseca, vê problemas no andamento do projeto "São Paulo é
uma Escola", uma das prioridades do governo Serra, que permite aos estudantes terem mais tempo de atividades - o que demanda mais funcionários.
Pregão
A demanda por agentes escolares é definida com base no tamanho das 1.840 escolas municipais.
Ela vale para toda a rede, do ensino infantil ao fundamental. "O
déficit desses funcionários hoje é
o quadro mais preocupante para
a gente", admite o assistente-técnico da secretaria Valdecier Pelissoni. A pasta informou que não
há dados de períodos anteriores.
Pelissoni afirma que o problema "vem de anos", causado por
aposentadorias, criação de escolas e pelo próprio fluxo dentro da
rede (um agente pode prestar
concurso e sair da função).
Ele também afirmou que o problema começará a ser resolvido
ainda neste mês, com a realização
de um pregão para escolher empresas que farão contratações
emergenciais, cujo pessoal trabalhará pelo
prazo de um ano.
"A terceirização é ruim. Os
agentes são educadores, que precisam ter vínculos com a escola e
com o aluno. Não podem ficar um
ano e sair", diz Maria Benedita de
Andrade, presidente do Sinesp
(sindicato dos especialistas de
educação do ensino público).
Próximo Texto: Outro lado: Secretaria faz contratação de emergência Índice
|