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Carro da Infraero é usado em tráfico de droga
PF prende 32 pessoas acusadas de burlar sistema de segurança de Cumbica; esquema seria utilizado por três quadrilhas
Entre os suspeitos há um funcionário da Infraero, uma auditora da Receita, policiais e funcionários do sistema
de transporte de cargas
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem 32 pessoas acusadas de
burlar o sistema de vigilância
do aeroporto internacional de
Cumbica (Guarulhos, SP) para
levar cocaína à Europa e à África. O esquema funcionava desde 2007 e utilizava até os carros
da Infraero (a estatal que administra o aeroporto) para transportar a droga.
Segundo a PF, ao menos três
quadrilhas de traficantes internacionais agiam em Cumbica.
Entre os envolvidos, há um
funcionário da Infraero, uma
auditora da Receita Federal,
policiais e funcionários de empresas que operavam o sistema
de transporte de cargas e de
malas nas pistas do aeroporto,
locais de acesso restrito.
Funcionários do aeroporto,
segundo a PF, eram cooptados
para introduzir as malas e as
cargas com cocaína -trazida da
Bolívia e da Colômbia- em alguns pontos do aeroporto. De
lá, elas eram transportadas pelos carros oficiais da Infraero,
que não são revistados.
Depois, as malas iam para
dentro das aeronaves, já com
etiquetas arrancadas de outras
malas que haviam passado pelo
raio-X e que ficavam sem identificação. No destino, o receptador da quadrilha já sabia o número que constaria nas bagagens com a droga.
Cada mala com cocaína rendia, em média, R$ 5.000 para o
funcionário que a colocava na
aeronave, depois de recebê-la
de outros integrantes do grupo
que a buscavam nas redondezas do aeroporto. A PF tem várias gravações das entregas de
malas com drogas sendo feitas.
Além das 32 pessoas presas
ontem, cujos nomes não foram
divulgados, a PF já havia prendido outras 26 desde o início da
chamada Operação Carga Pesada, iniciada em julho de 2007.
As prisões ontem ocorreram
em São Paulo, Guarulhos, Ponta Porã e Campo Grande, em
Mato Grosso do Sul.
A estimativa da PF é a de que
os 58 acusados tenham mandado 1,3 tonelada de cocaína para
países da Europa (Portugal,
Holanda, França e Inglaterra) e
da África. Juntas, estima a PF,
as quadrilhas acumularam um
patrimônio de US$ 2 milhões.
Além de omitir o nome dos
58 presos, a Polícia Federal não
informou a atuação de cada um
deles nas quadrilhas.
O esquema
Ao longo da investigação, 547
quilos de cocaína dos três grupos criminosos foram apreendidos no Brasil, África do Sul,
Holanda, Inglaterra e Portugal.
Alguns dos presos que trabalhavam nas pistas de Cumbica
ajudavam as três quadrilhas.
Em um dos casos, por exemplo, a PF gravou um funcionário que prestava serviço para a
Infraero usando uma Kombi da
empresa para buscar uma mala
com cocaína em uma das avenidas que contornam Cumbica.
Esse funcionário e os dois
homens que entregaram a mala
com 45 quilos de cocaína -um
deles policial civil- estão entre
os 58 presos. A mala deveria ser
colocada em um avião que decolou para a África do Sul. A
droga, porém, foi interceptada
pelos agentes da PF em 16 de
julho do ano passado.
As imagens mostram o funcionário deixando a mala em
um dos setores de carga, já na
pista do aeroporto. Mais tarde,
a mala é transferida para outro
setor, onde ficam as malas dos
passageiros que já passaram
pelo raio-X.
A Polícia Federal afirma que,
para desmantelar esse esquema, trocou informações com
policiais dos países que recebiam a droga e com agentes
norte-americanos.
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